“Ruby Marinho – Monstro Adolescente” é a nova animação da DreamWorks, que estreia como uma aposta do estúdio para as férias desse ano. O público do filme é voltado para as crianças, mesmo que a produtora seja conhecida por lançamentos que funcionam muito bem com adultos como a franquia de Sherek e Como Treinar O Seu Dragão.
A trama conta a história da família Marinho, que tenta esconder suas verdadeiras origens vivendo no mundo real como humanos, quando na verdade são monstros do mar. Na tentativa de se adaptar, ela acaba descobrindo sua verdadeira identidade e todos os dramas que sua família esconde debaixo do oceano.
A animação possui todos os pontos previsíveis de uma produção nesse sentido e não desenvolve algo além do que o esperado. Esse ponto pode deixar o público jovem e adulto decepcionado, uma vez que a expectativa é de que o filme consiga arrancar muitas risadas, entreter e entregar uma narrativa cheia de surpresas.
Os personagens possuem trajetórias já conhecidas, ambientadas em um universo igual, com poucos detalhes originais. Mesmo que a construção da animação seja muito bonita e apresente detalhes bem estruturados, com personagens fofos, a história de uma adolescente lidando com suas monstruosidades já é conhecida.
Ao finalizar a obra, existe uma sensação de já ter assistido aquela história em algum momento. Isso porque o drama infanto-juvenil mostra mais uma vez o enredo de uma adolescente em amadurecimento que passa por transformações físicas, pessoais e emocionais que a colocam em desafios. No final das contas, a força da família supera todos os desentendimentos e consegue derrotar a vilã no final, também com problemas familiares.
O sentido de aventura é despotencializado por alguns aspectos como personagens pouco divertidos e fundamentações muito básicas em seus propósitos, até para uma obra feita para as crianças. Existe uma ansiedade de que haja algo mais impactante, mas não há outro arco dentro do filme que sustente isso de forma interessante.
É possível também comparar perfeitamente a história com o filme “Red: Crescer é uma Fera”, da Pixar. Além de muitos aspectos iguais, o próprio longa gosta de brincar a todo momento com a vilã Chelsea, que é uma sereia do mal e em muitos aspectos físicos se assemelha a Ariel de “A Pequena Sereia”.
Ruby Marinho é muito básico, mas tem um alvo
A proposta do filme é apresentar uma aposta da DreamWorks, entregando uma obra de animação para o público infantil. Nesse aspecto, o longa se sustenta perfeitamente uma vez que possui um tempo de tela consciente (1h 30min) e garante as características que se adequam ao gênero.
O processo de Ruby entrega relações de uma adolescente com os pais, com os amigos, com o primeiro amor e com características que a diferenciam das outras. Além disso, os outros arcos mostram relações diversas dos personagens ensinando lições, valores e contextos que conversam bem com as crianças.
Pensando no julgamento infantil, o longa apresenta uma aventura que se torna interessante pelos aspectos visuais. Isso porque esse recurso é a novidade do longa, ao trazer uma nova configuração para o oceano e a maneira com que esses elementos interagem entre si.
A trilha sonora e a paleta de cores utilizadas na produção, contribuem para esse valor atrativo ao público que tem se deparado com animações ou até live-actions muito adultizadas e conceituais. No sentido diversão e valores, existe uma maneira coerente e de fácil entendimento ao tratar desses pontos.
“Ruby Marinho – Monstro Adolescente” é uma animação com uma história simples e não muito original. O público jovem/adulto encontrará mais do mesmo ao acompanhar a trama que possui muitas inclinações previsíveis. Por outro lado, o filme funciona perfeitamente com seu público alvo infantil, que se divertirá acompanhando a história de uma adolescente tentando esconder seu monstro interior. E no final das contas, a lição de aceitação é acompanhada de uma grande valorização da força da família.