Crítica – “As Marvels” surpreende com uma história fraca e uma ação “sessão da tarde”

O longa é dirigido por Nia DaCosta.

As Marvels via Marvel Studios
As Marvels via Marvel Studios

Dirigir “As Marvels” foi uma bomba jogada nas mãos de Nia DaCosta. O grande desafio foi para além da história e sim diante da movimentação do que se espera dos filmes da produtora. Traçando um paralelo dos lançamentos deste ano como “Homem-Formiga 3” e Guardiões da Galáxia Vol. 3″, os telespectadores não sabiam o que esperar da potência do longa, uma vez que a produção está imersa dentro do período de lançamento da 2ª temporada de Loki, um grande sucesso por sinal. Mas os ótimos recursos como uma ótima diretora, um período de inovações no estúdio e três protagonistas boas, não foram suficientes para sustentar o filme.

A proposta de uma aventura cheia de surpresas e boas reviravoltas não foi bem aceita e o longa se consagra com um enredo fraco e muito próximo a uma “ação de sessão da tarde”. Olhando para a sua estrutura caricata, ele pode funcionar muito bem com as novas gerações de fãs da Marvel, que já não aguardam mais grandes coisas como “Vingadores Ultimato” e sim esperam por produções no estilo “Thor: Amor e Trovão”. Se essa foi a verdadeira intenção, alcançaram com sucesso.

Kamala Khan (Iman Vellani), Monica Rambeau (Teyonah Parris) e Carol Danvers (Brie Larson) são o trio principal de “As Marvels”. As três são ligadas por um salto temporal que as conectam por uma troca no espaço-tempo. Para a construção dessa dinâmica, a vilã Dar-Benn (Zawe Ashton) surge em busca de vingança por tudo que a Capitã Marvel tirou de sua nação Hala. Possuidora de um dos braceletes da Ms. Marvel, a confusão é criada com uma luta pela sobrevivência dos planetas que são ameaçados com a sua missão pessoal.

Na tentativa de administrar bem todas as informações estabelecidas, o roteiro de Megan McDonnell junto com a cineasta DaCosta corre para estabelecer vínculos entre todos os arcos. É dessa forma, que praticamente todos os problemas tem soluções previsíveis e óbvias, com exceção é claro da cena de Goose e todos os gatos que rendem boas risadas ao telespectador e ao mesmo tempo assusta com o nível que os filmes da produtora estão chegando. Outro momento que gera esse espanto, é a cena musical que aparentemente foi jogada para trazer mais animosidade na produção, tempo que poderia ser utilizado para desenvolver melhor a fraca vilã.

Há pontos positivos na produção e o principal destaque são as cenas de luta que possuem uma computação gráfica de excelência, comparada a outras atrocidades que já foram vistas antes no mesmo estúdio. As coreografias também são empolgantes e nos momentos de confronto o telespectador não consegue tirar os olhos da tela, com destaque para a personagem Kamala que se desenvolve bem durante o enredo e se sobressai diante da performance na série limitada.

“As Marvels” não trabalha bem as potências de suas protagonistas

A Capitã Marvel conhecida dos quadrinhos, de seu primeiro filme e das ótimas aparições na saga dos Vingadores, ficou para trás. Dessa vez, enxergar a humanidade da personagem foi um destaque para a produção e isso tirou em partes o seu potencial de chamar a atenção em cena. Isso não é resultado da ótima atuação de Brie Larson que realmente surpreende positivamente e sim da inserção das atitudes de Carol Danvers na história.

A própria Monica Rambeau é uma das personagens que poderia ganhar um dos melhores contextos na trama. Diante da cena pós-crédito, é isso que se espera de sua continuidade no universo, mas se tratando dessa produção, ela foi inserida de uma maneira extremamente fraca e resulta em um certo descontentamento das expectativas para uma personagem tão inteligente e nada “bobinha” como é demonstrada.

Kamala Khan ainda é o maior destaque da produção, é possível perceber que existe uma intencional formação para que ela seja empolgante uma vez que na Marvel o seu futuro é o mais certo. Diante dessa realidade, eles trabalham bem a dinâmica de como ela lida com a família super protetora e também com o tão sonhado encontro com Carol Denvers. Ainda assim, há muito o que se esperar de suas performances no futuro das produções do estúdio.

“As Marvels” é um filme morno, sem grandes surpresas, mas com uma boa fotografia e elenco. Apesar da fraqueza na apresentação da dinâmica entre as personagens, o longa conta com boas cenas de ação e pode indicar um futuro promissor em histórias paralelas do estúdio. Por fim, ele é algo simples como o esperado e que surpreende por ser caricato e pouco envolvente.

Estagiária, produtora de conteúdo, uma garota que ama séries, filmes, livros e música e fala muito sobre histórias. A minha história está lá no Instagram! E-mail: [email protected]