O mais recente live-action da Disney, traz as várias facetas e o passado curioso de Cruella, antagonista clássica das animações dos estúdios, que sempre teve sua marca rodeada de glamour, certamente, muita maldade, e talvez, mas só talvez, uma personagem que no fundo tenha uma humanidade muito bem escondida através de seus casacos de pele.
O filme interpretado por Emma Stone confirma tudo isso que as pessoas enxergam em anos de sua dominação entre as vilãs mais consagradas da Disney. Partindo bem do princípio de sua história, é nítido que a personagem pode ganhar a simpatia de seu público com a ideia de que ela tenha apenas seus motivos, e que possa ser humanizada como Malévola foi. No entanto, o longa metragem foi muito além de transformá-la em apenas uma figura que foi subestimada por todos esses anos, por trás das cortinas dos estúdios.
O live-action de Cruella não busca romantizá-la, mas sim, confirmar todo seu lado mais macabro, louco e brilhante, e em como a vilã é determinada em conseguir o que quer, tirando todos os pinos que estiver seu caminho. A adaptação desta personagem eleva os filmes da Disney para outro patamar, oferecendo o pacote completo, desde sua trama chamativa, visuais, trilha sonora, e claro, as atuações impecáveis e únicas.
Muito além de sua obsessão por Dálmatas, o filme busca exibir ambições maiores de Cruella, seu amor pela moda, dando assim, o salto mais certeiro deste live-action, a inserção da beleza inigualável dos figurinos, que sem dúvidas, roubam o filme para si, ultrapassando as definições de icônico. Este fator se tornou a identidade visual definitiva desse projeto, provando um lado até então, que era pouquíssimo explorado nesta personagem. Mas o início desta jornada só é possível graças a rebeldia de Estella, que também é um grande fator preponderante e curioso na adaptação.
A trama dá um salto gigantesco quando a personagem se dá conta de que as coisas realmente só acontecem como planejadas, através de seu alter ego imparável, Cruella. A trilha sonora rock and roll provam cada substância rebelde da personagem em seus momentos de ascensão. A música do filme deixe cada momento do longa muito mais marcante e vibrante, fazendo transparecer a identidade bizarramente chamativa de Cruella. A escolha para uma trilha que fosse além de apenas instrumentais momentâneos, foi seguramente, certeira, e deixou perfeitamente nítido o ar do filme, combinando com a fotografia da Londres representada.
O fato da produção explorar desde a infância da personagem, não faz com que a trama fique tediosa, separando muito bem o quanto foi necessário a presença do passado da vilã, e em como ela se tornou o que é exibido, graças aos acontecimentos constantes dessa linha temporal. A versão infantil de Cruella se entregou com graça a identidade e trejeitos da personagem, introduzindo a grandiosa interpretação de Emma Stone como a vilã que viria logo em seguida.
A atuação da atriz protagonista foi sem sombra de dúvidas, um glorioso prato cheio de talento. Emma encarnou satisfatoriamente a personagem, entregando o melhor que uma adaptação em live-action da vilã poderia oferecer, tornando Cruella muito mais interessante após sua performance. Apesar de sua brilhante luz, as atuações de outras figuras no elenco, como de Emma Thompson, a cruel Baronesa, não fica para trás, além da dupla de vigaristas, Horácio e Gaspar, interpretados por Paul Walter e Joel Fry, que fazem a dinâmica da dupla funcionar perfeitamente. Cada astro teve seu momento ao sol, provando ser um dos melhores elencos das adaptações da Disney, quanto as suas figuras principais.
As referências para a clássica animação, 101 Dalmatas, acontece moderadamente na trama, fazendo que a nostalgia aconteça, apesar de apresentar uma história inédita aos fãs dos estúdios. O plot twist do filme é um tanto preguiçoso, podendo ter sido melhor pensado, no entanto, este ponto negativo não interfere na experiência ao assistir o longa-metragem, sendo até compreensível de certa forma, para a resolução do enredo, tornando-se apenas um pequeno incômodo no meio da brilhante direção que se segue para a vilã.
No final das contas, o novo live-action toma seu lugar de maestria no meio dos lançamentos da Disney. Inicialmente visto como insignificante por grande parte do público, este provou toda sua criatividade e brilhante vivacidade, sendo apenas o primeiro passo para Cruella se tornar a próxima grande estrela da cultura pop. A vilania da personagem passou de água para vinho em sua melhor, e sem sombra de dúvidas, representação.
Nota geral do autor: ⭐⭐⭐⭐ (4,5/5)