Kenneth Branagh está de volta com mais uma adaptação da obra de Agatha Christie. O diretor e protagonista mantém a estética investigativa, mas dessa vez flerta com o sobrenatural e não obtém um resultado favorável. Em “A Noite das Bruxas”, um mistério é desvendado na noite de Halloween e as surpresas vão de assassinatos até a interferência com fantasmas.
Hercule Poirot inicia a trama aposentado, até que sua autora amiga Ariadne Oliver (Tina Fey) o leva para uma sessão espírita em uma palácio mal assombrado. O contexto da sessão envolve Joyce Reynolds que é o novo caso misterioso da autora. Além de precisar emplacar um novo livro a partir dessa história misteriosa, o local esconde lendas e um suícidio inesperado de uma jovem.
Para apresentar os personagens, o longa já consegue engatar com uma leve confusão. São muitos arcos a serem desenvolvidos e as resoluções de Poirot não possuem o mesmo impacto de antes por conta de uma tentativa ousada da história: entregar um filme de terror com a premissa de um longa de suspense. Apesar de conseguir surpreender nos primeiros arcos, a ideia inicial se perde e confunde o telespectador.
Para introduzir o assassinato, a sessão espírita indica um homicídio e as grandes surpresas acontecem a partir desse momento. Assim como o costume da obra, há um grupo de pessoas aleatórias que futuramente serão completamente ligadas, um assassino e todas as vidas em risco. Apesar das falhas no roteiro de para entregar essa atmosfera, a história de “A Noite das Bruxas” consegue entregar um mistério intrigante.
Para a causa desse efeito, o filme acerta fielmente em uma estética de terror sem ser clichê. Ao abordar o Halloween, a fotografia resume os costumes da época sem deixá-los superficiais. Há uma mistura retrô com a cultura de Veneza e a consequência causada é uma ótima impressão do telespectador que facilmente compra a proposta, mesmo com as confusões.
O figurino corrobora com tal percepção, uma vez que a trama investe fortemente em caracterizações de época que tornam os personagens mais suspeitos e misteriosos. Esse arranjo é completado pela trilha sonora e os efeitos visuais, que causam perfeitamente na construção de um enredo curioso e assustador.
O bom elenco de “A Noite das Bruxas” supera algumas falhas
Ao acompanhar cada ato do longa, é possível ver que a tentativa de adaptar a obra de Agatha Christie, não obteve sucesso quando se trata da potência da história em roteiro e na forma da história contada. A construção da narrativa apresenta alguns pontos surpreendentes, mas em boa parte é falha na intenção de colocar muitos elementos no enredo que são explicados de forma simples e insuficiente para o gênero.
No entanto, em todos os outros aspectos a produção consegue se sobressair. Principalmente quando se trata dos nomes do elenco, a dinâmica dos personagens é notável a tal ponto do telespectador conseguir comprar facilmente a expressão que cada um passo. O longa é uma prova de que grandes nomes da indústria podem funcionar, mesmo com falhas.
A vencedora do Oscar Michelle Yeoh se destaca como Reynolds, que com pouco tempo de tela já conquista e gera bons mistérios nos telespectadores. Kelly Reilly é o grande destaque com uma interpretação impecável de Rowena Drake. Jamie Dornan consegue mostrar um doutor em pânico e expressa a sua versalidade em papéis diferentes.
Certamente Branagh não fica de fora e mantém uma estética intrigante e bem feita do famoso detetive que dessa vez se desafia em meio ao sobrenatural do qual ele não crê. E por fim, Camille Cottin também merece grande destaque por entregar uma ótima atuação, mesmo com uma personagem tão fraca e sem grandes esperanças para o enredo.
“A Noite das Bruxas” promete um suspense investigativo e entrega um mistério sobrenatural. Há muitas questões de um roteiro fraco com acontecimentos jogados e falhas nas apresentações de personagens e mistérios do caso. Mesmo assim, o filme consegue surpreender o telespectador com uma fotografia impecável, atores com uma dinâmica bem coreografada e um mistério intrigante.