Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça é o mais novo jogo do universo DC desenvolvido pela Rocksteady e publicado pela WB Games. Devido ao grande sucesso dos jogos da série Batman Arkham, a expectativa com este novo jogo esteve nas alturas. Controlar os vilões da Força Tarefa X enquanto enfrenta os maiores heróis da cultura pop, a própria Liga da Justiça, parecia uma ideia bem promissora. Vamos ver como o jogo corresponde a essas expectativas.
Arkham quem?
É difícil acreditar que a equipe por trás de Batman Arkham nos trouxe este jogo, o gameplay é tão básico e repetitivo que eu tenho um desagradável dejavu de estar jogando o Avengers desenvolvido pela Crystal Dynamics ou Anthem da Bioware. Podemos até mesmo traçar alguns paralelos entre esses jogos, sendo todos eles desenvolvidos por estúdios renomados que quiseram se aventurar em um novo gênero, no caso o looter shooter e no Avengers um jogo de ação com elementos de RPG e action looter, com resultados pouco satisfatórios.
Mas vamos por partes, alguns elementos apresentados aqui foram boas sacadas dos desenvolvedores. No prólogo do jogo, somos apresentados às mecânicas dos quatro personagens jogáveis sendo eles o Tubarão, Pistoleiro, Bumerangue e Arlequina, cada um com suas particularidades.
Os personagens possuem diferentes ferramentas para navegar pelo mapa enorme da cidade de Metropolis. A Arlequina possui um gancho parecido com o que o Batman usa, onde ela pode balançar como o Homem Aranha ou se içar aos prédios mais altos. Bumerangue utiliza um dispositivo imbuído da força de aceleração (poder do Flash e outros velocistas da DC) que o faz percorrer as distâncias rapidamente, semelhante a um teleporte. Tubarão-Rei consegue pular bem alto e pode utilizar esse impulso para se movimentar e também causar bastante dano em sua queda. Por fim, o Pistoleiro utiliza um jetpack para voar pelo cenário e ataca de forma semelhante ao Senhor das Estrelas no Jogo dos Guardiões da Galáxia enquanto voa.
A mecânica de travessia de cada personagem é um dos destaques do gameplay e o sistema demanda algum tempo para ser dominado. O do pistoleiro é interessante, mas o tempo curto de aquecimento pode ser um fator desestimulante para os jogadores. O Bumerangue possui algumas das melhores animações enquanto se movimenta pelo mapa, mas creio que fãs dos jogos antigos do Incrível Hulk notarão algumas semelhanças com a forma do Tubarão se movimentar que é bem interessante.
Após cada missão o jogador receberá novas armas para equipar e como geralmente acontece nos looter shooters, o poder das armas está codificado em cores diferentes. O jogador pode então escolher quais armas apetece ao seu gosto enquanto enfrenta as hordas do Brainiac. Além disso, as armas podem ser compradas e modificadas visitando Oswald Cobblepot a.k.a o Pinguim que fornece esses serviços para a Força Tarefa X.
O melhor aspecto do gameplay é essa liberdade que dá ao jogador de enfrentar os inimigos da forma que quiser testando diferentes abordagens. Entre tiros, granadas, melees e takedowns, há uma curva de aprendizado para cada novo encontro. O sistema de combate é diferente do que se esperava do estúdio que criou Batman Arkham em um jogo que se passa no mesmo universo, mas adequado para um produto live service como este.
O que está acontecendo?
Talvez o maior problema deste jogo seja a alta poluição visual dele, desde o UI (Interface do usuário) que não é nada minimalista, além do indicador de vida, escudo, munição e mapa há os indicadores de objetivo e durante o combate a coisa fica ainda mais confusa, com diversos inimigos, tiros e explosões para todo lado, quando você e seus amigos atiram, números indicando o dano aparecem, além de uma barra que também indica isso.
O que acontece é uma verdadeira bagunça e não dá para saber o que acontece em combate, assim o jogador fica cercado, sem saber o que fazer enquanto tiros, lasers, explosões e números poluem a tela e essa experiência pode ser bem frustrante. Isso poderia ser diminuído talvez diminuindo um pouco algumas dessas coisas ou controlando o número de inimigos. Além disso, em certo ponto do jogo, o combate acaba ficando repetitivo, com os objetivos geralmente sendo “destrua as hordas de inimigos roxos” o tempo todo.
Mate a Liga da Justiça
Uma das melhores coisas do jogo são os encontros com os super heróis consagrados e as boss fights em si. Destaco principalmente os encontros com o Batman. No primeiro deles, o homem morcego utiliza as táticas tão conhecidas dos jogos da série Arkham no Esquadrão. É muito interessante estar agora do lado adversário do Batman nesse jogo. Enfrentá-lo tem um quê de Survival Horror no combate, pois nunca se sabe quando ele desferirá seu golpe e a tensão é instalada nessa espera.
Falando em horror, a luta com o Batman envolve o gás do medo do Espantalho e é provavelmente a mais interessante das lutas. Outra que também não desaponta é a do lanterna verde, em que o jogador precisa destruir seus construtos para destruir a armadura do policial do espaço e mandar bala nele.
Infelizmente a do Flash e do Superman são um tanto parecidas e ficam atrás em termos de diversão. Digamos que a luta contra o Flash, primeiro chefe do jogo, seria um aquecimento para a luta com o Super, que seria o último boss entre os super heróis. Com o Flash é necessário acertar um tiro de contra ataque para desacelerá-lo e deixá-lo vulnerável. Com o Super é a mesma coisa, mas as balas são carregadas de kriptonita e o enfraquecem cada vez mais conforme vão o acertando. As arenas de ambos são sempre circulares e o jogador precisa desviar de seus ataques poderosos.
A Força-Tarefa X
É preciso dizer que a história do jogo não é tão ruim, especialmente pela excelente entrega das performances dos atores e a tecnologia utilizada pelo jogo que conseguiu traduzir bem isso. As micro expressões dos personagens realçam as cenas de humor e de drama muito bem. Aliás o humor deste jogo é muito bom, em muitos momentos as palhaçadas e ironias do Esquadrão me fizeram rir.
A história de invasão do Brainiac e Super Heróis se tornando maus e destruindo o mundo no processo não é 100% original, mas esse jogo traz uma abordagem única colocando o Esquadrão para resolver essa situação de crise quando os maiores super heróis da terra estão realmente indisponíveis com o auxílio de Amanda Waller e Lex Luthor, cujas interpretações nesse jogo são igualmente estelares.
Apesar de termos aparições memoráveis dos super heróis da Liga, as vezes o jogo dá uma forçada com certas coisas estabelecidas no lore dos quadrinhos sobre os personagens, relativizando e/ou banalizando alguns adereços na história dos heróis como a utilização do anel do Lanterna Verde e quanta kriptonita seria necessária para enfraquecer o Superman.
O elefante na sala, no entanto, no que concerne a história é ela se passar no mesmo universo de Batman Arkham e a morte deste mesmo Batman dentro desse jogo estar sendo uma grande polêmica da forma com que foi feita. Mas é possível que ele retorne ainda de alguma forma no futuro. Como é um jogo de live service, a história deixa brechas para mais capítulos, e em breve saberemos o que realmente aconteceu.
A localização brasileira inclusive traz diversos talentos que ficaram consagrados nos seus personagens como o Guilherme Briggs como o Superman e Maurício Berger como Lanterna Verde. Fãs das animações e filmes da DC irão reconhecer as vozes no jogo.
Conclusão
Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça infelizmente não corresponde às expectativas levantadas pelo legado da Rocksteady, mas como um looter shooter live service cumpre bem seu objetivo, sendo um jogo funcional e por vezes divertido. A história ainda não terminou e temos mais temporadas por vir, só espero que o conteúdo seja mais satisfatório que o que tivemos até agora. Para o futuro seria bom que o estúdio retornasse a suas raízes de single player com que fizeram uma carreira estelar abrindo novas tendências no mundo dos videogames. É difícil dizer se Esquadrão Suicida terá um legado semelhante.
Agradecemos a Warner pela cópia gentilmente cedida para a análise.