“Perdida” é o novo romance que chega aos cinemas em julho e promete resgatar uma chama que foi acabada há algum tempo. Romances de época brasileiros não são a aposta mais certeira das produções e adaptar uma história que contém uma série de fãs. não era a tarefa mais fácil a se concretizar.
Ao mostrar a história de Sofia Alonzo (Giovanna Grigio), a trama retrata a vida de uma jovem adulta que trabalha em uma editora e acredita na felicidade verdadeira dos livros de romance. Apesar de amar os romances de época, ela não acredita que o verdadeiro amor pode acontecer.
Após uma experiência repleta de confusões, ela acaba encontrando uma fada madrinha descontraída que a transporta para 1830, sem seu conhecimento. Ao chegar no passado, ela lida com os conflitos de época, mas encontra o lorde Ian Clarke (Bruno Montaleone) que a leva a uma nova concepção de amor.
A mistura da história da Cinderela da Disney com Bridgerton da Netflix aparenta a primeira impressão, ser algo genérico e repetido. Ao assistir o filme como um todo, essa sensação é deixada de lado, desde os primeiros minutos que já entregam uma atmosfera diferente.
O primeiro impacto que a produção consegue acertar a ponto de chamar atenção positivamente dos telespectadores, é a fotografia. A junção dos belos cenários, com ótimas posições das câmeras, mostram que os detalhes técnicos se destacaram ao entregar um romance de época com toques de contemporaneidade que saem do básico.
Essa estética é fortalecida pelos figurinos que foram escolhidos com delicadeza e atenção aos detalhes descritos no livro de Carina Rissi. Os vestidos que representam o período de 1800 são roupas internacionais que conseguem expressar a personalidade de todos os personagens. É possível ver que um filme acertou esteticamente quando as roupas e a fotografia falam sem precisar das falas.
E para completar, a trilha sonora consegue construir essa dinâmica. As trilhas escolhidas entregam as emoções necessárias nas cenas, o que deixa o telespectador mais impactado com os acontecimentos. Esse recurso é somado a uma didática de roteiro que adapta bem o livro, sem copiá-lo estritamente, mas de forma fluída.
As atuações de “Perdida” entregam uma performance melhor do que o esperado
A expectativa dos fãs do livro foram atendidas com a escolha de um elenco que se destacou bem em sua performance. O destaque cai sobre Giovanna Grigio, não apenas por ser a protagonista, mas por ter conseguido envolver o telespectador em uma figura carismática, curiosa, engraçada e interessante. Isso é fruto de uma boa atuação e demonstrativo da versalidade de uma atriz que já participou de “Malhação” na Globo, “Rebelde” da Netflix e “Chiquititas” no SBT.
Bruno Montaleone e Nathália Falcão também apresentam uma boa dinâmica da família Clarke, sem contar que a afetividade do laço de irmã e irmão é explicito pela ótima atuação. Nesse ponto, é possível sentir uma familiaridade com o contexto desejado pela produção de Katherine Chediak Putnam, Dean Law e Luiza Shelling Tubaldini.
O pouco tempo de tela dos personagens secundários que compõe o arco de 1830 do filme não prejudicou na introdução do contexto. Principalmente pelo figurino e a narrativa já conhecida das histórias de época. No entanto, isso não acontece nos anos 2022, o arco contemporâneo da história.
Apesar de não ser o foco da dinâmica dessa história, os momentos atuais ficaram mais fracos a ponto de não deixar algumas coisas esclarecidas ao telespectador que não tem contato com a obra literária. As relações de Sofia com os personagens que ela afirma serem importante, são na verdade fracas, por uma questão de adaptação de roteiro mesmo.
“Perdida” é o filme de romance de época que o cinema brasileiro precisava. A história é boa, tal como a produção como um todo. Essa dinâmica fortalece a credibilidade das produções nacionais e entrega uma história digna de continuidade, com aspectos de roteiro e fotografia tão satisfatórios. Com poucas ressalvas quanto a adaptação literária, a narrativa é um acerto no gênero.