“Não Se Preocupe, Querida” é um filme sobre aparências, que desencadeia um suspense sufocante. O longa traz uma série de mistérios e como consequência, muitas pontas soltas que podem confundir o telespectador. Protagonizado por Florence Pugh e Harry Styles, a trama se mostra enigmática, tal como os bastidores dessa produção, que renderam uma série de rumores.
A história mostra o casal Alice e Jack que vivem uma vida perfeita em uma cidade planejada. A rotina de todos os casais segue da mesma forma, as mulheres ficam cuidando da casa e do lazer, enquanto os homens passam o dia inteiro trabalhando fora de casa. Todo o ambiente é impecável, as roupas, as casas e o próprio estilo de vida. No entanto, o modo robotizado do cotidiano começa a soar estranho aos poucos.
De forma agoniante, o suspense é desenvolvido com uma série de mistérios que são sutilmente apresentados. A vida de Alice (Pugh) se torna robotizada e sua inquietação é explícita ao telespectador que acompanha a narrativa por sua perspectiva. Tal estratégia do roteiro de Katie Silberman e Shane Van Dyke, transforma o enredo em uma história envolvente e que consegue se adequar ao gênero de thriller psicológico.
Em contrapartida, o roteiro também introduz uma série de questionamentos, que gera uma sensação estranha sobre aquele modo de vida. Para isso, eles usam de alguns conflitos que nem sempre tem resposta e ao fim da obra muitas pontas ficam soltas. Pode ser uma estratégia para despertar mais curiosidade, mas no final entrega uma insuficiência de resolução, característica de roteiros que se perdem.
No que se refere a estética, o filme traz uma excelência notável. Isso fica explicito na fotografia, com ambientes bem montados e repletos de detalhes impecáveis e um figurino digno de premiação. Além disso, a história fica mais envolvente com a combinação dos efeitos sonoros e cenas exteriores, que promovem a sensação de emoções e transformações psicológicas que os personagens passam. Esse é um dos principais destaques da história, pois consegue juntar elementos que reforçam a intenção de suspense do longa.
Florence Pugh e Harry Styles entregaram uma boa atuação em “Não Se Preocupe, Querida?”
Harry Styles dá vida a Jack, um homem que toma importantes decisões para deixar sua esposa feliz. Apesar de sua personalidade ser expressada poucas vezes, uma vez que ele é um subordinado de Frank (Chris Pine), Harry consegue dar vida a um personagem interessante e revelador. Nas cenas em que Jack finalmente expressa alguma reação, o cantor se destaca e torna o personagem mais curioso.
O destaque de Florence no papel de Alice se dá no segundo ato do filme. De início, ela nitidamente parece que não é a melhor escola para o papel. Tal estratégia é um recurso claro da direção de Olivia Wilde, que consegue construir uma personagem que não nasceu para viver o que faz, ser a “bela, recatada e do lar”. Por isso, nas primeiras cenas há um estranhamento com a performance, mas ao longo dos próximos atos, Florence expressa uma personagem típica de suspense psicológico, com uma notável atuação.
“Não Se Preocupe, Querida” é um suspense sufocante, que entrega enigmas e confusões ao telespectador. Apesar de alguns pontos não terem resposta, o filme envolve e entretém se adequando bem a proposta de thriller psicológico. A estética e boa escalação, contribuem para que a trama conquiste grande destaque dentro do gênero. E ao fim, o longa consegue conectar o público de forma eficiente e ainda deixa diversas brechas para uma continuação melhor explicada.
Nota da autora: