Hayao Miyazaki sempre foi um diretor de animação que gosta de trabalhar da forma tradicional, desenhando no papel suas animações, para depois elas serem transferidas para a tela. Até hoje, ele não trabalhou em nenhuma forma de animação que fosse diferente do 2D, e sempre mostrou resistência ao 3D e CGI. Mas, hoje em dia, o uso de tecnologias cada vez mais avançadas nas artes tem se tornado algo constante e polêmico, principalmente com a difusão e fácil acesso às inteligências artificiais.
As chamadas IA se tornaram o assunto principal neste ano de 2022, pois o uso da tecnologia na criação de arte criou diversos debates sobre se suas ilustrações poderiam ou não ser consideradas artísticas. E a facilidade do uso da IA se espalhou até mesmo pelos filtros das redes sociais. Após tantos debates, alguns fãs de anime relembraram a opinião de um dos maiores animadores de todos os tempos, Hayao Miyazaki, sobre o assunto.
Segundo o site Comic Book, Miyazaki “lutou com a arte da IA no passado. O animador, conhecido por sua animação desenhada à mão, é o que muitos consideram da velha guarda. Sua filosofia de arte é bem conhecida, e só recentemente o Studio Ghibli adotou a animação em CG após anos de testes. No entanto, quando se trata de animação de IA, Miyazaki deixou claro que essa ferramenta não será usada em seu trabalho.”
Hayao Miyazaki, Studio Ghibli e inteligência artificial
Não é difícil saber o que o artista japonês pensa sobre arte feita por inteligências artificiais, ele sempre foi muito claro sobre isso. Em um documentário de 2019 feito pela NHK e Kaku Arakawa, acompanhamos o trabalho de Hayao Miyazaki e seus pensamentos enquanto artista e animador. Em uma cena, é mostrada uma reunião do Ghibli em que Miyazaki é apresentado a uma ferramenta de animação de IA e ele afirma que isso é desumano.
“Quem cria essas coisas não tem ideia do que é dor. Estou totalmente enojado. Eu jamais desejaria incorporar essa tecnologia ao meu trabalho. Sinto fortemente que isso é um insulto à própria vida.”
Após o Studio Ghibli mostrar interesse na tecnologia, ele ainda acrescenta: “Sinto que estamos chegando ao fim dos tempos. Nós, humanos, estamos perdendo a fé em nós mesmos“. (Via Comic Book)