O site CBR, levantou uma pergunta relevante sobre os atuais filmes e séries baseados em animes: As adaptações live-action estão destruindo a indústria de anime? Desde sempre tivemos remakes e inspirações de Hollywood em animes, mangás, doramas, filmes ou outras mídias do Japão. Sempre ocorreram trocas de influência entre a cultura japonesa e ocidental, no entanto, o que antes era só inspiração, agora se transformou na indústria da adaptação live-action direta.
Hollywood, o Japão, e os streamings, cada vez mais fazem live-action de animes, como Ghost in the Shell (2017), Fullmetal Alchemist (2018) e Cowboy Bebop (2021). O que antes acontecia esporadicamente, hoje em dia é constante, e isso “pode” prejudicar a indústria de anime. Saiba alguns dos motivos a seguir.
Já sabemos que a maioria das adaptações diretas não consegue recriar fielmente a essência da obra original, sendo o caso mais recente a série Cowboy Bebop da Netflix, que foi um fracasso e cancelada logo que estreou. O público não conseguiu se conectar com a série, talvez pelo fator surpresa do original não poder ser replicado em uma adaptação fiel. Outro motivo do impacto negativo dessas adaptações feitas nos EUA é que Hollywood quer criar um blockbuster de Hollywood, mesmo que a história seja japonesa.
No anime de Ghost in the Shell recebemos sua mensagem de forma crua e reflexiva. Já no filme, vemos Hollywood não ir longe como o material de origem, devido a tendência dos blockbusters de gastarem muito dinheiro e precisarem adquirir muito dinheiro, muitas vezes acreditando que a melhor forma de fazer isso é não ser tão profundo, reflexivo ou sombrio. Em alguns casos, necessário para manter uma classificação indicativa baixa. Sem falar no fato de uma mulher branca estar interpretando uma mulher asiática, só deixa o filme mais desconectado ainda de seu material original.
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A culpa não é só de Hollywood
Os live-actions de animes costumam ser ambiciosos em excesso, sejam feitos nos EUA ou no Japão. Muitas vezes, eles tentam comprimir uma história de muitas temporadas ou volumes em um filme de 2 horas. Quanto ao CGI usado nessas produções, são outro problema complexo. Os primeiros live-actions, feitos com pouco orçamento, tiveram CGIs assustadores. Atualmente, a coisa mudou um pouco e seu uso é mais acessível, no entanto, ainda limitado por muitos fatores. O que levanta a pergunta, por que fazer um live-action de uma obra que já possui animação? A animação não depende do CGI e tem muito mais liberdade em explorar diferentes cenas, técnicas e situações fantasiosas e impossíveis de replicar na realidade, sem gastar caminhões lotados de dinheiro.
Por que tudo isso “pode” ser uma ameaça?
Infelizmente, parece que agora as adaptações live-action estão sendo usadas como uma marca de excelência, assim como há muitas pessoas que não se interessam por um livro até que ele vire um filme, ou como há tantos que assistem filmes de super heróis, mas não pretendem ler os quadrinhos.
“Um anime não precisa se provar ganhando um remake live-action, e ainda assim, um anime sem um remake live-action pode ser mais impopular devido a uma simples falta de exposição. Isso pode até fazer com que alguns títulos percam coisas como temporadas renovadas. As adaptações live-action estão prejudicando a indústria de anime? Em última análise, não. Nada é tão simples. Certamente há algo errado em uma indústria que será tão carente de conteúdo que tanto um anime quanto uma versão live-action de um mangá serão feitos dentro de um ano.” (via CBR)