Tchia é o novo jogo distribuído pela Sony e desenvolvido pelo estúdio Awaceb. O estúdio fica localizado na Nova Caledónia, arquipélago localizado na Oceania e este também é o cenário do jogo. Jogamos o novo game que traz diversas surpresas e um estílo visual bastante charmoso e demos nosso veredito: vale a pena?
Bem vindo a Nova Caledónia!
Os desenvolvedores certamente queriam demonstrar sua paixão pelo seu local de origem, fazendo uso não apenas do cenário, mas do folclore local para criar este mundo fantástico.
A cultura do lugar também se faz presente através de músicas que nos são apresentadas logo no início quando o pai da Tchia nos convida a sentar diante de uma fogueira e começa a entoar uma canção sobre a personagem título.
Tchia toca o Ukulele e o instrumento é implementado em algumas mecânicas do jogo, como fazer passar o tempo com melodias da alma para a hora que se deseja. Em sua jornada, Tchia vai conhecer pessoas e participar de festas e danças ritualísticas dos nativos da região.
Os criadores nos convidam também a aprender sobre a culinária local. Descansando em fogueiras, a Tchia pode recuperar a energia espiritual comendo pratos típicos da região. Há também estabelecimentos culinários espalhados pelo mapa, onde o jogador pode aprender ainda mais sobre as iguarias locais da Nova Caledônia.
O jogador tem diversas ferramentas para explorar os locais, podendo deslizar em terrenos inclinados, coma opção de realizar um grande pulo no impulso gerado pela ação, possui também um paraquedas e pode fazer saltos espirituais. O forte de Tchia é a liberdade para jogar como quisermos.
Faça um salto espiritual!
No gameplay, Tchia traz como inspiração dois clássicos instantâneos da Nintendo, o mais óbvio sendo The Legend of Zelda: Breath of the Wild. O jogo da Nintendo foi considerado o ápice dos jogos de mundo aberto e Tchia implementa algumas das suas melhores características.
A garota pode escalar qualquer superfície, desde que se atente para a energia necessária para fazê-lo. A personagem inicia sua aventura com 20 pontos de stamina, que podem ser aumentados encontrando uma fruta específica. Elementos essenciais são identificados no mapa após “gritar” em um ponto de observação. Essa mecânica de identificação no mapa já é bastante conhecida nos jogos de mundo aberto.
A hora em que o jogo começa a realmente brilhar e ficar divertidíssimo é quando a garota aprende a fazer o salto espiritual. Essa mecânica lembra muito o que existia em Super Mario Odyssey, mas aqui aparece como sendo ainda mais versátil. Com essa habilidade, Tchia pode possuir animais e objetos, facilitando seu progresso através dos cenários.
Tchia geralmente usa o barco que foi dado a ela por Tre que consiste em uma jangada simples com uma vela, conduzida por um remo. O meio de transporte é eficiente até certo ponto, mas não raro quando se atravessa rios, o barco fica preso em algumas pedras, então o jogador pode preferir possuir um peixe, uma ave ou até mesmo uma pedra para chegar mais rápido em seu destino. Aqui o jogo mostra que poderia ter sido um pouco mais caprichado.
O jogo também é recheado de uma bela trilha sonora, que é incorporada em minigames inspirados em jogos de ritmo. Esses momentos me lembram um pouco das poucas passagens em The Last of Us: Parte 2 em que tocamos com o violão. No entanto, no jogo discutido aqui a mecânica se faz mais presente. Porém ao jogador é dada a opção de tocar manual ou automaticamente. No automático você apenas assiste às cenas e curte a música, caso opte pelo automático não há mais penalidades ao erro além de ouvir o som do ukulele da Tchia sair desafinado.
Também há um pouco de combate no jogo, mas funciona de uma forma diferente de outros jogos. Os soldados de Meavora são basicamente tecidos animados, a forma que Tchia encontra para combatê-los é queimando seus corpos com objetos inflamáveis ou explosivos. Há duas maneiras de fazê-lo, a garota pode apenas arremessar os objetos ou pode incorporá-los com o salto espiritual, aproximando-se dos inimigos e explodindo na hora mais apropriada. Caso queira uma abordagem diferente há a opção de possuir criaturas que têm a habilidade de atirar fogo.
Espalhados pelo mapa há atividades secundárias como equilibrar pedras e esculpir rostos em madeira. Coisas que são divertidas de fazer nas primeiras vezes, mas acabam ficando um pouco monótonas após algumas tentativas.
Estamos partindo em uma aventura!
Tchia é uma garota que acaba de fazer 12 anos, comemorando a data especial com seu pai, Joxu, e seu amigo Tre. De seu pai, Tchia recebe uma flor colocada sobre a sua orelha, o adorno se torna inseparável da personagem.
Mas repentinamente, seu pai é sequestrado e numa tentativa de salvar seu pai, descobre seus poderes de saltos espirituais. Tchia então parte em uma aventura para salvá-los, conhecendo pessoas no processo e quem sabe até mesmo se apaixonando.
A descrição acima poderia se enxaixar em uma trama de filme animado da Disney ou da Dreamworks, porém, em Tchia também há algumas coisas sombrias acontecendo e certas cenas são capazes de traumatizar algumas crianças.
A vilã Meavora é uma espécie de lagarta humanóide que devora crianças e tem poderes similares aos de Tchia. Há algumas cenas gráficas envolvendo ela e também uma galinha e membros decepados.
Às vezes a história é um pouco apressada e não há tempo para nos apegarmos aos personagens que Tchia vai conhecendo no caminho. Infelizmente a história também é um tanto previsível e não nos conquista com surpresas. Mas o humor que se faz presente entre as cenas acaba mitigando um pouco essas carências narrativas.
A maioria das missões tratam de buscar itens para personagens dos quais Tchia vai precisar conquistar para ajudá-la. Quando as missões começam a ficar mais diversificadas, infelizmente o jogo começa a ficar próximo do seu clímax.
Algo que pode irritar certos jogadores também é a falta de pontos de viagem rápida. Para ser justo, há alguns que podem ser desbloqueados nas docas, mas não tem a quantidade suficiente que certas pessoas gostariam para um jogo com um mapa tão grande. Para aqueles que gostam de explorar o cenário, não faz diferença, mas há também aqueles que gostam de curtir apenas a história e para estes tal ausência é sofrível.
Conclusão
Tchia pode não ter a melhor história possível em um jogo deste gênero, mas a paixão extraordinária que os desenvolvedores colocaram no jogo, se esforçando ao máximo para entregá-lo da melhor maneira possível é louvável.
O gameplay em geral é bastante divertido, especialmente tratando-se do salta espiritual que abre diversas formas com as quais os objetivos apresentados podem ser abordados. Pode-se dizer que trata-se de um jogo que tem coração.
Agradecemos à desenvolvedora pela cópia gentilmente cedida para a análise.