“The Flash” constrói uma história para um público específico e os apreciadores da HQ “Flashpoint” receberão uma surpresa positiva. O filme aprofunda o personagem protagonizado por Ezra Miller e destrincha uma história já conhecida nas telas, com uma perspectiva boa e um visual difícil.
A imagem da produção começa atribulada desde as polêmicas que envolvem o ator principal. Motivo pelo qual, o longa sofreu ameaças de boicote e também teve a continuação da produção questionada por muitos telespectadores. Por fim, Ezra entrega uma atuação consistente, divertida e correta para o personagem.
O desafio que o ator enfrentou envolve performar uma versão atual e adulta do Barry Allen e uma de outro universo com apenas 18 anos. Nessa performance ele desenvolveu bem nas expressões e condução do personagem, que nitidamente teve as mãos de Andy Muschietti na direção e coordenação de como o herói atuaria dentro do longa.
A imagem fica difícil porque em pleno auge da tecnologia, certa simplicidade da computação gráfica não é mais tão tolerável assim. É possível tomar como base o último lançamento da produtora “Shazam! A Fúria dos deuses”. Havia menos efeitos e funcionava melhor do que a grande quantidade de recursos visuais que utilizaram no novo longa para representar a viagem no tempo e o multiverso.
A ideia de abordar esse tema foi útil para o roteiro de Christina Hodson. A história é o ponto alto da trama, que de fato se conecta de forma eletrizante com os acontecimentos do quadrinho e referencia personagens e atores clássicos da Liga da Justiça. Esse é o ponto alto do filme, somado a trilha sonora que flui bem diante das cenas e mostra uma escolha certeira da produção.
No que se compete às referências, principalmente para os fãs da DC, o filme supera expectativas ao trazer encontros, reencontros e até rumores sobre alguns atores que poderiam dar vida a alguns personagens. É possível ver a sutileza e esforço de alguns detalhes, mas ainda assim não se vê uma dinâmica melhorada para representar o Cronos ou a própria rápida cronologia que o Flash vive quando entra na dimensão do seu próprio espaço-tempo.
“The Flash” é tudo isso que estão falando?
Após as acusações, crimes, cancelamentos e condenações de Ezra Miller, é nítido que o estúdio se esforçou mais ainda para emplacar o filme. Inclusive, a trama gerou um hype notório nos últimos meses e os fãs aguardam que seja a produção do ano quando se fala de heróis.
O que se ganha na realidade é um filme simples e bom. Nada de muito empolgante, além das aparições e das possibilidades do universo. As expectativas também são deixadas de lado, ao pensar que tudo será refeito pela entrada de James Gunn a frente das futuras produções.
Dessa maneira, o longa entrega uma trama consistente com uma narrativa que se sustenta sozinha. A adição da colaboração de personagens como o Batman de Michael Keaton e Ben Affleck, não afeta no protagonismo da história de Barry Allen. Isso é um ponto alto do roteiro de Christina Hodson, que quase não se perde ao longo do enredo.
“The Flash” é como uma despedida da antiga Liga da Justiça, com o protagonismo do personagem de Ezra Miller. O longa traz boas referências, tem uma boa história e gera interesse no telespectador. O tempo de tela é compensante e só se torna insustentável pela fraca fotografia que não gera uma experiência tão espetacular quanto tem sido propagado.