Depois de “Batman: O Cavaleiro das Trevas” (2008), “Interestelar” (2014) e “A Origem” (2010), o diretor Christopher Nolan consagrou seu nome nos cinemas. Ao lidar com o desafio de apresentar a história, entreter os fatos e torná-los dignos de um bom filme, o cineasta entrega um dos melhores e mais bem feitos lançamentos deste ano: Oppenheimer.
A história do físico que ficou conhecido como o “Pai da Bomba Atômica” é visualizada com o protagonismo excelente de Cillian Murphy e mostra o ápice dos feitos desse cientista. Ele foi responsável pela projeção das duas armas nucleares que colocaram os Estados Unidos a frente do desfecho da 2ª Guerra Mundial.
O filme possui mais de três horas e em nenhuma delas é utilizado efeitos de computação gráfica, os famosos CGI. A produção foi feita de forma natural, com aspectos gravados por efeitos provocados naturalmente e isso surpreende na entrega de um longa tão verossímil com o aspecto desejado.
Tal performance acontece porque o maior destaque da produção se refere aos efeitos sonoros. A trilha foi pensada conforme a emoção que era desejada passar ao público e por ser um filme de bomba, as explosões não dão tanto impacto quanto a ansiedade dos personagens representadas por respirações, batimentos cardíacos, batidas repetidas e etc. Isso constrói no filme, uma experiência única e imersiva.
Uma história do passado precisa ser representada com aspectos específicos para que atraia o telespectador. No caso de Oppenheimer, foi importante utilizar outros recursos de atração, uma vez que a obra é extensa e apresenta muitos detalhes a serem explicados.
O que é positivo nessa situação, são os figurinos e fotografia que dão esse aspecto real dos anos 40 e ainda conseguem despertar interesse e curiosidade por conta dos cenários. E o negativo, é que de fato, a extensão do filme é um fator de cansaço e pode atrapalhar a experiência do telespectador do primeiro para o segundo ato que possui poucos movimentos.
Algo surpreendente, é que o longa conta com um elenco repleto dos melhores nomes de Hollywood e essa junção funciona muito bem. Emily Blunt, Matt Damon, Robert Downey Jr., Florence Pugh, Gary Oldman, Jack Quaid, Gustaf Skarsgård, Rami Malek e Kenneth Branagh, são alguns por exemplo.
“Oppenheimer” realmente conta uma história real?
Julius Robert Oppenheimer é o verdadeiro centro do filme, isso porque ele foi um dos físicos mais impressionantes de seu tempo. Ao estudar as reações químicas, ele foi um dos percursores da física quântica e seus artigos contribuíram fortemente para a evolução da ciência em seu tempo.
Ele já passou por experiências com grandes cientistas como Niels Bohr e Max Born. Seu triunfo foi o Projeto Manhattan em 1942. Esse é tema central do filme, que mostra o cientista no desenvolvimento da bomba atômica nos Estados Unidos.
Diante disso, ele selecionou uma série de cientistas do qual ele considerava os melhores, para trabalhar especificamente na cidade de Los Alamos e desenvolver cálculos, testes e a execução dessa arma nuclear. O filme mostra em detalhes curiosos e envolventes essa projeção.
Ao ficar pronta, o governo dos Estados Unidos decide soltá-la na tentativa de acabar com a 2ª Guerra Mundial, mostrar o poder bélico e ameaçar os inimigos. Uma das questões, era mostrar para a União Soviética que eles possuíam essa tecnologia, o que no futuro culminou a Guerra Fria.
A bomba foi solta nas cidades de Hiroshima e Nagasaki, no Japão, em 1945. Ela trouxe uma série de problemas para a população desses países, além das inúmeras mortes e destruição geral, gerações de japoneses ficaram doentes por conta da radiação.
O filme elabora de forma fantástica a ansiedade, limites e questões éticas que Oppenheimer vive após lidar com as consequências dessa atitude. A verdadeira história mostra que o cientista se arrependeu e o filme entrega explicitamente o violento sofrimento que o cientista passou após entregar com sucesso o Projeto Manhattan.
“Oppenheimer” é um filme sobre história, emoção e ciência. O que poderia facilmente ser passado por uma ficção científica bem feita, na verdade é um retrato da realidade dos anos 40 quando se trata de 2ª Guerra Mundial e corrida armamentista.
Para que o longa entregasse essa performance fantástica, foi necessário uma boa apresentação do longo roteiro que detalha os fatos e ao mesmo tempo consegue envolver o telespectador em uma trama interessante e surpreendente. No entanto, a extensão do longa ainda é um ponto negativo que cansa o telespectador no tempo de tela.
Por fim, pode-se entender que o grande elenco de Oppenheimer entrega uma dinâmica de atuação histórica e o destaque para Cillian Murphy, Emily Blunt e Robert Downey Jr. é digno de Oscar.