A primeira vista, o que chama atenção em “Gran Turismo: De Jogador a Corredor” é o estrelato de David Harbour e Orlando Bloom. No entanto, a produção baseada na história de Jann Mardenborough vai muito além de seu potencial em marcas e atores, a trama entrega uma história emocionante sobre corrida e resiliência.
Archie Madekwe dá vida a Jann, um jogador expert de PlayStation em Gran Turismo e encontra a oportunidade de se tornar um verdadeiro corredor. Ao participar de um projeto da Nissan, ele prova para a família que o hobby pode se tornar algo concreto e a realização de um sonho, mesmo com muitos perigos.
A trama mostra como Danny Moore (Orlando Bloom) convence os diretores da marca a escolher um jogador de video game e treiná-lo para ser um grande piloto. Para isso, ele conta com o engenheiro Jack Salter (David Harbour), que lida diretamente com sua própria história ao formar a equipe e especificamente o novo vencedor: Jann.
Os primeiros minutos de tela entregam que a performance do longa de Neill Blomkamp é diferente do que o telespectador pode imaginar. E isso acontece pela primeira cena, que revela uma narrativa que aprofunda todas as realidades que cercam o jogo, desde as funções técnicas que o protagonista entende muito bem, até as emocionais por ele preferir as telas do que uma profissão e hobby presencial.
As questões familiares não ocupam a maior parte do tempo de tela, mas são um dos arcos mais emocionantes e fortes que o filme consegue construir. Principalmente na relação de Jann com seu pai (Djimon Hounson). Ambos atores conseguem desenvolver uma dinâmica realista e impactante dentre suas diferenças e ao mesmo tempo os laços de paternidade. É de longa, uma das partes mais fortes que o longa expõe, mesmo com tantos acontecimentos ao mesmo tempo.
Para que todas os arcos ficassem conectados de forma coerente, foi necessário adaptações de um roteiro que abusa de recursos visuais pra gerar esse entendimento. Todos os personagens desempenham um papel em função da ideia central de competição e trajetória de Jann, isso não torna a história superficial, sendo que a profundidade é uma das características mais notáveis da trama. A sucessão de acontecimentos reflete bem a proposta sugerida pelo gênero e se adequa coerentemente.
Os efeitos visuais de “Gran Turismo: De Jogador a Corredor” sustentam a história
O filme ensina como fazer um filme de velocidade ao contemplar bons efeitos dentro de uma história emocionante sobre corrida. Comparado a muita produções que tentam seguir esse aspecto, o longa desenvolve uma dinâmica visual espetacular. Mesmo que ele opte por cenas mais simples no final das contas, as pequenas ousadias funcionam bem.
Para demonstrar como funciona a mente de um jogador de Gran Turismo, a computação gráfica insere o personagem na tecnologia do jogo desmontando o carro e expondo as peças soltas. Essa didática torna a intensidade da produção emocionante e ao mesmo tempo não torna um live-action superficial ou falso como muitas outras produções que buscam o mesmo efeito.
Esse aspecto é contribuído por uma fotografia repleta da atmosfera de corridas, com as marcas bem expostas e uma boa escolha de trajes, cores e modelos de carro. Nissan, PlayStation, Puma, Rolex e outras muitas são visíveis ao longo da produção e contribuem com o efeito verossímil que essa entrega.
Pela tensão dos acontecimentos e as cenas de ação muito bem diagramadas, o telespectador vive de forma imersiva o enredo. E dessa forma, compra facilmente a história dos personagens e a adrenalina de cada corrida e cada etapa da trajetória do personagem principal.
“Gran Turismo: De Jogador a Corredor” entrega uma ótima performance de ação, com emoção e tensão na medida certa. O filme ensina como fazer uma boa história sobre velocidade e competição e sua única falha é não aproveitar as oportunidades de descontração para equilibrar um humor no momento certo.
Por fim, a produção apresenta uma história emocionante contada de forma coerente com a proposta de ação, aventura e biografia. É o tipo de longa que se houver uma continuação, pode piorar. No entanto, não há indícios na produção que ele tenha alguma sequência a ponto de franquia.