O universo de terror da Warner Bros. continua a se expandir nos cinemas. A franquia de derivados de “Invocação do Mal” criada por James Wan, tem rendido muitos frutos financeiros para a companhia. E agora, foi a vez da antagonista de “Invocação do Mal 2”, a freira Valak, ganhar seu próprio filme.
Em “A Freira”, acompanhamos o padre Burke (Demián Bichir) e a noviça Irene (Taissa Farmiga), em uma região afastada da Transilvânia, investigando o caso de suicídio de uma freira que ocorreu em um convento local. Logo, a morte dela começa a se mostrar ligada à uma forte presença maléfica e demoníaca.
Esta é uma franquia com altos e baixos, mas numa visão geral, o único filme que realmente ficou abaixo do esperado, foi o primeiro “Annabelle” de 2014. Desta vez, o escolhido para contar esta estória recheada de mistério e atmosfera, foi o britânico Corin Hardy. Ele que dirigiu o bom “A Maldição da Floresta” de 2015, além de muitos outros videoclipes musicais e curtas-metragens. E que vinculado à um remake de “O Corvo” que acabou sendo cancelado, acabou por embarcar na aventura de comandar a “A Freira”.
E pode se dizer que Hardy não decepciona em sua direção, pelo menos não num geral. Ele utiliza bem a atmosfera medieval assustadora de suas locações, além de criar boas sequências de terror, recheadas de elementos visuais bem concebidos. Só pecando mesmo, na hora de criar mais tensão e entregar os sustos (ou jumpscares). Não julgue de forma errada, existem sim momentos tensos no filme, e os sustos são razoavelmente criativos, porém o cineasta não constrói estas cenas com a mesma qualidade por exemplo, que seu produtor James Wan.
O curioso, é que em “A Maldição da Floresta”, o mesmo problema é notado. Corin Hardy demonstra entender os clichês do gênero e saber trabalhá-los, mas não consegue impactar seu espectador com a sensação de medo necessária.
E é em outra coincidência com seu longa-metragem anterior, que podemos atrelar parte da culpa deste problema. O roteiro em “A Freira” escrito por Gary Dauberman (Anabelle 1 e 2), é extremamente simplório, assim como o de “A Maldição da Floresta”. A premissa é apresentada, os personagens tem um conflito interno introduzido e tudo isso é explorado o mínimo necessário, para apenas criar sequências de terror e sustos. Algumas sacadas do roteiro são interessantes e usadas de forma inesperada, mas são enfraquecidas pela falta de coerência das situações em que são aplicadas. O que principalmente pode se notar com alguns alívios cômicos feitos pelo personagem Frenchie (Jonas Bloquet), que acabam despotencializando cenas que deveriam ser mais tensas.
Apesar destes problemas, o design de produção e fotografia são pontos a serem exaltados, assim como o elenco, que está muito bem, em grande parte do tempo. Taissa Farmiga é a que mais se destaca, assumindo um protagonismo e segurando o filme com tranquilidade. Conseguindo inclusive, fazer mais com seu papel do que o roteiro lhe proporciona. As únicas ressalvas, são para a falta de medo nas ações e feições dos atores em certas situações, onde o normal\natural, seria estarem apavorados.
“A Freira” pode não ser o melhor filme da franquia, e sim, mesmo com seus problemas, consegue ser atmosférico e interessante o suficiente para manter o espectador sempre engajado. Além de contar com elementos horrorizantes bem concebidos, por um diretor que claramente entende do gênero, gosta do que faz e que têm sim, um futuro promissor ainda.