The Sandman, ou somente Sandman, é a nova e aguardada série da Netflix, que estreou hoje (5) na plataforma. Ela é baseada nos quadrinhos do escritor Neil Gaiman, que foram publicados pela Vertigo, um dos selos da DC. Ganhadora de inúmeros prêmios e sucesso de crítica e público, os quadrinhos acompanham a entidade Sonho (ou Sandman, Morfeus, etc), após passar anos aprisionada nas mãos de uma seita humana, voltando ao seu reino e tendo que consertar os problemas que sua ausência causou no mundo.
A seguir, faremos um review dos três primeiros episódios da série, sem nos aprofundarmos muito em detalhes, com o objetivo de fazer um panorama geral do início da história. Comentaremos brevemente algumas semelhanças e diferenças em relação a HQ e se a qualidade atende as expectativas dos fãs.
Review dos três primeiros episódios de Sandman
Episódio 1: Sono dos Justos
Assim como nos quadrinhos, o primeiro episódio de Sandman começa com um grupo de humanos, que formam uma seita, se reunindo com o objetivo de aprisionar a entidade Morte no mundo dos mortais. No entanto, acabam pegando por engano o Sonho, o perpétuo que comanda o Reino do Sonhar. As cenas de invocação e cativeiro de Sonho parecem ter sido retiradas direto dos quadrinhos de tão perfeitas que ficaram. Apesar disso, a série não é só um copia e cola, e faz algumas mudanças e acréscimos em relação aos quadrinhos originais, mas que são muito bem feitas e fazem todo o sentido dentro de um primeiro episódio de série.
Por exemplo, enquanto a prisão de Sonho dura algumas poucas páginas iniciais no primeiro capítulo da HQ, a série resolveu estendê-la para introduzir informações e elementos que devem ser importantes ao longo da primeira temporada, como os itens mágicos do personagem. Sandman também aproveita seu primeiro episódio para aprofundar a história dos captores do perpétuo. Nessa parte, uma das coisas que mais vai surpreender os fãs do quadrinho, é a presença inusitada de um personagem, que fornece a seita dicas de quem é o ser que capturaram e como mantê-lo preso.
Quanto aos captores da seita, suas participações são estendidas, deixando até mesmo suas motivações para manterem o Sonho preso muito mais críveis e claras. A forma como Sonho se liberta também difere um pouco dos quadrinhos, mas a essência da fuga está ali, incluindo o icônico quadro do perpétuo se teletransportando do mundo real para o reino onírico.
Episódio 2: Anfitriões Imperfeitos
Já o segundo episódio de Sandman é mais curto que o primeiro e parece terminar de forma abrupta. Mas, sua duração faz sentido para a parte da história que pretende contar. O episódio começa mostrando Sonho chegando até seu reino depois de décadas. O Reino do Sonhar está em ruínas e ele precisa recuperar os seus três objetos mágicos, que foram roubados por seus captores e que não estão mais com eles, para restaurar seu poder e lar. Para isso, ele invade alguns sonhos em busca de oferendas para as Glórias, rendendo cenas repletas de efeitos especiais muito divertidas de acompanhar.
Através das Glórias, uma entidade formada por três mulheres, ele obtém dicas de onde seus pertences estão e parte para buscá-los. Também é nesse episódio que somos apresentados a Caim e Abel, servos de Sonho. Os personagens são bizarramente engraçados, assim como nos quadrinhos.
Enquanto isso, algumas coisas que não existiam nas HQs de Sandman são acrescentadas e modificadas para preencher algumas lacunas do original. Uma delas é o que aconteceu com o rubi de Sonho até ele ir parar nas mãos de John Dee.
O segundo episódio mantém a qualidade do primeiro e continua bastante fiel à obra de Gaiman. Os novos personagens apresentados estão iguais aos quadrinhos e os efeitos especiais, assim como a condução da narrativa foram muito bem pensados e montados, para criar episódios com a duração necessária para contar cada trecho da história, sem precisar acrescentar cenas fillers, apenas para caber dentro de determinada duração.
Episódio 3: Sonhe Comigo
O episódio três de Sandman é o que mais se afasta dos quadrinhos, mais pela mudança nos personagens envolvidos na busca de Sonho por sua algibeira, do que pelos acontecimentos em si. Sonho vai em busca de Constantine, que deveria estar com sua algibeira, mas, enquanto nos quadrinhos é John Constantine com quem o perpétuo se encontra, na série temos Johanna Constantine.
No começo do episódio, ela aparece trabalhando como uma espécie de exorcista e é chamada para lidar com uma princesa da família real que está possuída. Enquanto se dirige ao local onde essa princesa está, Johanna é abordada por Hettie que a avisa que Sonho está de volta e que quer sua areia (algibeira). Ela não acredita na senhora e entra na igreja que a chamou para realizar o exorcismo.
No local, ela descobre que a princesa irá se casar e fingindo realizar o casamento, ela pede aos noivos que repitam palavras em latim. No entanto, para sua surpresa, o possuído não é a princesa, mas o noivo. Johanna realiza o exorcismo mesmo assim, com o noivo se partindo ao meio e de dentro dele surgindo um demônio que é desintegrado por ela. Essa parte não existe nos quadrinhos, mas faz sentido ter sido mudada, já que estamos lidando com outro Constantine. Já o restante do episódio é muito similar às HQs de Sandman.
Sonho pede sua areia de volta e Johanna acredita que ela esteja na casa de uma ex-namorada. Enquanto eles vão até o local, vemos John Dee na prisão, com sua mãe, uma mulher que apareceu no primeiro episódio da série, indo visitá-lo. Na sua juventude, ela roubou um rubi de seu ex-companheiro, o líder da seita que aprisionou Sonho.
A mulher entrega a Dee um amuleto de proteção que o permite fugir da prisão. Enquanto isso, Sonho, assim como nos quadrinhos, consegue resgatar sua areia das mãos da ex namorada de Johanna Constantine e, ao fim do episódio, ele se dirige em direção ao inferno, para recuperar seu elmo.
Johanna Constantine se mostra uma personagem incrível, que esperamos que volte a aparecer na série. Ela não só é poderosa, já que conhece magia, mas não tem medo de bater de frente com Sonho, chegando a dar um puxão de orelha nele sobre qual o sentido de ele querer salvar a humanidade, mas não ligar para os humanos que são prejudicados pelas coisas que ele faz.
Outro destaque maravilhoso vai para o novo corvo de Sonho. Ele aparece para substituir o primeiro corvo que foi morto no episódio um. Ele era um humano que morreu e acabou de despertar no corpo de um corvo, sem saber direito quem Sonho é, portanto, agindo como uma babá do perpétuo, ao invés de como seu servo. Todas as suas interações são maravilhosas, assim como nas HQs.
Os efeitos especiais de Sandman também continuam impecáveis, apesar de não termos muitas coisas fantasiosas nesses três primeiros episódios. Provavelmente, só conseguiremos julgar melhor essa parte técnica no quarto episódio, em que Sonho precisará ir até o inferno e enfrentar uma legião de demônios diversos, incluindo o próprio Lúcifer. Se a série continuar com essa qualidade, fiel aos quadrinhos e fazendo adaptações pontuais quando necessário, teremos uma das melhores séries da Netflix do ano.
Infelizmente, há muitas coisas que podem dar errado daqui para frente. E se tratando de Sandman, não são poucas.