Autor do livro “Rota 66“, Caco Barcellos lançou a obra em 1992, onde relatou como costumava agir um grupo de extermínio formado por policiais do Rondas Ostensivas Tobias Aguiar, em São Paulo. O jornalista ganhou o prêmio Jabuti de 1993 com o trabalho investigativo.
Agora, ele recebeu a notícia de que sua história acabou de virar uma série do Globoplay: “Quando estava escrevendo, lembro que pensei muitas vezes em um roteiro de cinema, em cenas de ação para o audiovisual. Ao acompanhar a produção da série, me emocionei várias vezes”.
“O livro não é a respeito da polícia que mata, mas trata das pessoas que sofrem com ela. É uma série dura, que fala sobre quem fica“, disse ele durante coletiva. Barcellos relatou, ainda, que sua maior dificuldade ao escrever o livro, foi conviver com as vítimas. “Pensei várias vezes em abandonar para sofrer menos, mas isso me deu combustível para continuar. Colegas espanhóis me fizeram entender que também sou um correspondente de guerra, por nossa guerra ser permanente“.
O apresentador explicou que pensou na obra para poder retratar a história de apenas uma pessoa, no entanto, os bancos de dados em que teve acesso mostrou diversas narrativas similares. “No livro e na série o que importa é esse mergulho na vida de quem tem sua família destruída por essas ações. As situações eram tão brutais, injustas e quase inacreditáveis, que me deixaram assustado“.
Caco Barcellos fala de novas gerações
Questionado sobre acreditar em mudanças, Caco refletiu: “Tenho esperança nas novas gerações, as bandeiras identitárias significam gestos de esperança. Os jovens são mais conscientes e não estão admitindo, como aceitavam no passado, essa brutalidade contra eles”.
O jornalista acrescentou: “Tenho uma grande esperança que as coisas melhorem, a mesma que tinha quando fiz aquela investigação no passado“. A produção está prevista para estrar nesta quinta-feira (22/09).