Você, assim com eu, provavelmente nunca deve ter ido a Islândia, um país nórdico insular europeu situado no oceano Atlântico Norte, que abrange pouco mais do que a ilha homônima e algumas pequenas ilhas no oceano Atlântico
Mas, muito provavelmente, já deve ter assistido vários filmes e séries que usam o país para contar as suas histórias. Podemos listar alguns exemplosrecentes como: James Bond, Malévola, Hobbit, Prometheus, Star Wars Episódio VII, Game of Thrones, Sense8, Black Mirror, .
O país é tão incrível que com sua diversidade tão grande é possível encontrar qualquer tipo de paisagem. Dá para filmar a Islândia como Islândia ou recriar outros lugares; sejam os Himalaias, a tundra da Mongólia, Sibéria, Groenlândia ou até outro planeta em filmes de ficção científica.
E é partindo desse lugar incrível que “Bokeh” explora ao máximo e traz uma história de ficção cientifica e drama ao mesmo tempo, que conta a história de um casal de namorados que resolvem passar suas férias no país, no entanto, dias depois de apreciarem todos os lugares possíveis que a ilha proporciona para os turistas, percebe que a população mundial desapareceu.
Com uma premissa parecida em “Passageiros”, Bokeh explora a sensação de serem as únicas pessoas vivas no mundo. Mas aqui, diferente do longa estrelado por Chris Pratt e Jennifer Lawrence, o tema é explorado de uma forma melhor, deixando um pouco o romance de lado.
Enquanto Riley, interpretado por Matt O’Leary, aceita toda a nova situação a personagem Jenai, interpretada por Maika Monroe, questiona tudo e procura um jeito de voltar para casa e tentar encontrar sua família.
Mas um dos pontos fortes do filme é explorar a narrativa sci fi de uma perspectiva não muito vista nos cinemas quando a história se trata de um apocalipse. O cenário magnifico e turístico que a Islândia proporciona, volta a ser um dos elementos narrativos e, por vezes, toma o papel central da trama, quase que a protagonista da história.
Outro ponto positivo é o ator Matt, que com poucos trabalhos e não muito conhecido, pôde mostrar e cativar o público com seu personagem profundo e, de certo ponto, real, fazendo você se identificar com ele.
O filme aborda o que aconteceria caso você ficasse em um mundo onde só você existisse. E é nesse ponto que parte do filme se aproxima do real: podemos acompanhar os personagem indo a supermercados, lojas de roupas, restaurantes. Tudo isso, provavelmente, já passou pela sua cabeça, caso ficasse sozinho em um Shopping, por exemplo.
Mas chega a hora que o país turístico vira rotina, e a sua casa não é lá. É quando Janai, a parte questionadora do casal, mostra seu potencial e passa questionar tudo, com perguntas como: será intervenção divina? Por que aquilo? Qual o propósito de tudo isso? Onde está, agora que não existe mais, o verdadeiro lar? Como será carregar a dor da falta família?
Bokeh usa cenas que proclamam o fato fantasmagórico que é ficar sozinho, mas contrapõem com paisagens belíssimas e frias. O filme traz a pergunta mais importante para o ser humano: qual é o significado da vida se o passado não tem sentido e o futuro não existe mais. Bonito e desafiador, Bokeh tem um olhar antigo, mas traz uma sensação arrepiante que contribui enormemente para o tom de todo o filme.
Outro fator que devemos levar em conta é o nome do título, que não sofreu adaptação para o português. Bokeh é um termo em fotografia que significa a qualidade estética do borrão em imagens fora do foco capturadas através da lente de uma câmera. Por isso, o título também deve ser levando em conta como parte da narrativa.
Sendo assim, Bokeh é quase um borrão, que te prende, te sufoca, que é lindo mas também é esquecível, até mesmo descartável em alguns aspectos. Mas isso é algo que menos pesa na hora de assistí-lo.
P.S.: O filme teve uma pequena distribuição nos cinemas, mas no Brasil ele já está disponível na Netflix.