A volta aos anos 80 tem sido tema comum em muitas produções tanto de cinema quanto de televisão nos últimos tempos. Após Bingo: O Rei das Manhãs, vemos mais um longa brasileiro no ano resgantando essa era, pelo menos um pouquinho. “Chocante” é o novo filme nacional protagonizado por Bruno Mazzeo, Lúcio Mauro Filho, Marcus Majella, Pedro Neschling e Bruno Gárcia.
A história se trata de um conjunto musical do final da década de 80 chamado Chocante, que teve um grande hit, e após uma grande briga entre dois companheiros de grupo, Téo (Bruno Mazzeo) e Tarcísio, acabou se desmanchando. 20 anos depois, com a trágica morte de Tarcísio, o grupo se reencontra e decide se reunir novamente, trazendo o Chocante de volta aos palcos.
O roteiro foi assinado por quatro roteiristas, entre eles Pedro Neschling e Bruno Mazzeo, que foram as cabeças por trás da ideia que gerou o projeto. E com certeza, conseguimos ver a presença dos dois nesta estória criada, tanto para o lado positivo quanto para o negativo. Apesar de existirem algumas (não todas) boas piadas e situações cômicas no filme, também existe uma limitação muito grande no desenvolvimento das sub-tramas. A narrativa é direta e se foca completamente nesta tentativa de resgatar o grupo, e nesse ponto faz bem, porém na hora que precisa desenvolver os personagens como indivíduos singulares, é onde enxergamos as limitações.
Os personagens de Mazzeo (Téo) e Lúcio Mauro Filho (Tim), são os com mais tentativa de aprofundamento em suas vidas pessoais, porém, pelo lado de Téo conseguimos ver aquilo que é necessário, mas pelo de Tim, soa apenas como superficial ainda. Já os outros integrantes, Marcus Majella (Clay) e Bruno Gárcia (Tony), assim como a filha de Téo, Dora, vivida por Klara Castanho, são com muito esforço do roteiro, no máximo bidimensionais.
Aqui, assinaram a direção Johnny Araújo e Gustavo Bonafé. Johnny é conhecido no meio dos videoclipes, e contribuiu notavelmente nesse sentido. Os dois trabalharam juntos na direção de outro longa que estreia ainda este ano, Legalize Já, onde contaram a história de Marcelo D2 e o grupo Planet Hemp. O trabalho deles em “Chocante” é somente agradável, não trazem nenhuma inovação ou recurso mais arrojado, mas conduzem a narrativa de maneira genérica e funcional, tanto nas cenas cotidianas quanto de coreografia musical.
Em outros quesitos técnicos, o filme também é regular, o único ponto que se destaca relativamente, é a Direção de Arte, comandada por Joana Mureb.
Por fim, as atuações de maneira geral seguem uma mesma linha, acompanhando o roteiro e o estilo do filme. Mazzeo, Mauro Filho, Neschling, Gárcia, além de Débora Lamm, como a fã número 1 do Chocante, são apenas regulares, e mesmo nos momentos cômicos, não acertam o tempo todo. Saindo deles, temos dois destaques postivos e um negativo. Majella e Tony Ramos, em sua participação especial, executam suas piadas com regularidade e tiram risadas do público quando entram em cena. Já Klara Castanho, não convence como a filha querida de Téo, soando muito forçada e destoante em suas aparições.