Após o final da saga Crepúsculo, o ator Robert Pattinson decidiu seguir o caminho dos filmes de baixo orçamento, ou independentes, para retirar a visão que o público e Hollywood tinham dele até então. Em “Bom Comportamento”, novo longa dirigido por Josh e Ben Safdie, vemos como esta escolha do ator foi excelente. Na história, seguimos Connie Nikas (Robert Pattinson), que após sua tentativa de assalto à um banco terminar na prisão de seu irmão com deficiência mental Nick (Benny Safdie), tenta de qualquer maneira conseguir dinheiro para pagar sua fiança, e tirá-lo da cadeia.
O roteiro, é assinado por Josh Safdie e Ronald Bronstein, e se mostra pelos menos bem estruturado em seus dois primeiros atos, com uma pequena queda no último. A apresentação dos personagens é bem realizada, com uma primeira cena realmente boa, nos fazendo se importar por aquilo que estes dois irmãos estão passando, quase que de imediato. O desenrolar do primeiro ato completa essa introdução à jornada que Connie terá pela frente, criando um bom gancho e engajamento do público.
No segundo ato, é onde os problemas começam a aparecer. Apesar de as ações e situações ocorridas serem interessantes, o roteiro se utiliza de personagens secundários e mal desenvolvidos para existirem. Problema que se demonstra mais gritante no ponto de virada central da estória, que se ocasiona por um diálogo expositivo de um personagem recém introduzido. A narrativa poderia ter emperrado ali, e os roteiristas optaram por uma solução preguiçosa. Esta, que pode até resultar em um momento intrigante e emocionante, mas que é comprometida ao lembrarmos de sua origem.
O último ato, não entrega algo tão impactante quanto o filme merecia, mas está longe de ser chamado de um momento fraco de “Bom Comportamento”. Em termos de coerência com a essência dos personagens, se finaliza com a moral correta em relação àquilo que foi construído anteriormente.
A direção de Josh e Ben Safdie é boa e interessante, com um ótimo trabalho de câmera na mão em muitos momentos, para ressaltar as instabilidades das situações que o protagonista passa. A montagem funciona bem em conjunto com essa decisão de decupagem, sendo um elemento importante dentro da estética do filme, assim como a incorporação de uma trilha sonora sintética composta por Daniel Lopatin (Oneohtrix Point Never). O trabalho dos diretores em conjunto com o diretor de fotografia Sean Price Williams é um dos pontos que mais chama a atenção. O uso de cores variadas na iluminação dos cenários é visualmente incrível e bem executado, agindo em benefício da narrativa.
Um último ponto de destaque são as atuações. Robert Pattinson se mostra mais uma vez um excelente ator, deixando completamente para trás seu passado de franquia adolescente, e se consolidando como um representante do cenário indie americano. Benny Safdie demonstra uma delicadeza e uma verdade muito grande ao interpretar Nick Nikas, não nos fazendo duvidar da condição de seu personagem em nenhum momento. Ainda participam do elenco Jennifer Jason Leigh, Taliah Webster e Barkhad Abdi, todos com papéis de importâncias diferentes dentro da história, mas os executando com a mesma destreza, sem nenhum brilho individual maior.