Confira a crítica completa que a revista americana Entertainment Weekly escreveu sobre o novo filme de Star Wars, dirigido por J.J. Abrams. O filme já está em cartaz em todo o Brasil. Confira:
Uma divertida aventura carregada de mitologia épica.
A espera acabou. Você, ou alguém que você ama, pode parar de respirar em um saco e finalmente relaxar, porque você fã de Star Wars está prestes a ficar muito feliz.
Em “O Despertar da Força”, J.J. Abrams oferece exatamente o que você espera no filme: uma divertida aventura cheia de mitologia épica, cheia de referências para os geeks e muito suspense para as novas sequências. De certa forma, Abrams tem feito exatamente o que ele fez em 2009 com Star Trek. Ele pegou uma franquia da cultura pop, adorada por um legiões de raivosos discípulos, e a tratou com respeito, fazendo algo novo. Mesmo tendo que preencher varias lacunas dessa vez. O que de certa forma “O Despertar da Força” é – ser digno do legado deixado pelos que vieram antes dele.
Por mais que eu tivesse planejado manter uma distância crítica do primeiro filme de Star Wars em 10 anos, eu estaria mentindo se dissesse que eu não senti os pelos da minha nuca arrepiarem quando a música tema, tocada por um clarim, de John Williams, começou a soar juntamente com a familiar na tela. De repente, eu tinha 13 anos de novo. Não contar spoilers aqui, mas uma coisa é justa: Luke Skywalker desapareceu. A sinistra Primeira Ordem surgiu das cinzas do Império do Mal a procura do não-tão-jovem Jedi para destruí-lo. Enquanto isso, a Princesa Leia (agora com o título de General Leia Organa) é líder da Resistencia e envia seu melhor piloto do planeta de Jakku para encontrar pistas sobre o paradeiro de Luke.
Nesse novo confronto entre as forças do bem e do mal, nossos heróis são Poe Dameron (Oscar Isaac), o piloto que Leia despachou em busca de Lucas, a excelente Daisy Ridlay (como Rey), a calorosa catadora de sucata que possui poderes que não sabe possuir e que a obriga mudar de lado. No lado negro está Domnhall Gleeson, como General Hux, um vilão que parece ter saído de um filme do Leni Riefenstahk.
Isso pode parecer com um monte de personagens confusos de se manter uma linha reta. Mas um dos melhores (e, curiosamente, fraco) é como no filme tudo parece com arquétipos muito familiarizados pelos fãs. Tanto é que, as vezes, você se sente assistindo Star Wars: A Nova Geração. Mas Abrams e seus coautores Lawrence Kasdan e Michael Arnd tem uma ás na manga. Ou melhor, vários deles: Han Solo, Chewbacca, Leia, Luke, C-3PO, Artoo, o balde cheio de parafusos da Kessel Rum, a Millennium Falcon. Abram e companhia claramente colocou muito amor em tudo isso e soube integrar todos os personagens de uma forma orgânica sem parecer algo forçado. O diretor conseguiu trazer da trilogia original de Geroge Lucas a magia.
É tão tentador ser deixado levar pela efervescente reunião em “O Despertar da Força”, que fica fácil ignorar que a história imita o enredo de “Uma Nova Esperança”. Mas a sensação de dejà vu é inegável. O plano dos rebeldes para explodir a Estrela da Morte é praticamente plágio da mesma cartilha usada em 1977. É um pouco preguiçoso, mas você deve se lembrar que funcionou muito bem da primeira vez. Como no novo Star Trek de Abrams, O Despertar da Força é mais engraçado e tem um toque mais leve do que seus antecessores. Seus duelos aéreos são emocionantes e seus efeitos especiais não parecem ser tão baratos como foram nas sequências de Lucas. Esse novo filme é superior em todos os sentidos.
Uma das minhas maiores críticas a Abrams, ao longo dos anos como diretor, é de não conseguir ter criado mundos tão magistrais a ponto de você querer visitá-los e mistériosos que façam você querer desvendá-los. Seja em Lost, Missão Impossível II ou em Super 8, seus filmes tendem a acabar de forma redonda ao invés de vários pontos de exclamação.
Mas no final ele entrega com perfeição algo difícil de imaginar de outra maneira. Quando “O Despertar da Força” termina, ele parece meio agridoce pelo fato de fazer você querer o próximo. Então, sim, a espera acabou. Mas agora um novo jogo de esperança começa…