Crítica – “Besouro Azul” é uma introdução morna que atinge positivamente o público brasileiro
O novo filme da DC apresenta a história de um herói permanente na nova fase.
Após “The Flash”, as expectativas para as novas produções da DC Comics estavam neutras e o lançamento de “Besouro Azul” veio trazer uma nova relação com os filmes da marca. Especificamente para o público brasileiro, o longa é um marco no cinema com a co-estrela interpretada por Bruna Marquezine, que deixou o país orgulhoso com a performance na introdução morna do novo telespectador.
A história é baseada nos quadrinhos e vem trazer os primeiros passos de Jaime Reyes (Xolo Maridueña). O jovem mexicano retorna para a família após concluir boa parte dos estudos superiores e na busca por um emprego que ajude as condições de casa, ele acaba entrando em contato com uma antiga relíquia de biotecnologia alienígena, conhecida como Escaravelho.
O primeiro ato do longa dirigido por Angel Manuel Soto é decepcionante. Mesmo com baixas expectativas, o conjunto das primeiras cenas são cansativos e apresentam uma fotografia muito simples por ser um filme de super-herói. Dessa forma, as primeiras impressões não geram um impacto positivo e demora para o telespectador se acostumar com o conceito da história, que é mais caricata para um filme de herói.
No entanto, a partir do momento em que Jaime se torna o hospedeiro do besouro azul, a narrativa finalmente engata e começa a construir uma trajetória plausível para os cinemas. Desse momento em diante, o enredo começa a fluir explicando e apresentando melhor as intenções do personagem e toda a maneira que ela é construída se torna mais interessante.
Apesar dos fracos vilões Victoria Kord (Susan Sarandon) e Carapax (Raoul Max Trujillo), a família de Jamie toma a frente do protagonista junto do personagem e de Jenny Kord (Bruna Marquezine). Com essa dinâmica no elenco, o filme apresenta momentos divertidos e tensos, combinando um mix de emoções importante para que chame atenção e siga de forma coerente com a proposta da trama.
Outro ponto fraco são alguns efeitos especiais, principalmente os que envolvem o ambiente. No final das contas, as cenas de ação são muito escuras e isso prejudica na potencialidade da intensidade do filme. Por outro lado, a tecnologia utilizada para criar tudo que envolve o traje do herói e a forma em que ele se transforma é impecável e muito empolgante.
De maneira especial, a atriz Bruna Marquezine surpreende mesmo com a alta expectativa pela sua performance. A atriz consegue tornar explícita as dores de uma personagem solitária e em busca de encontrar seu lugar no mundo. Ela desenvolve uma química muito boa como Xolo e se destaca nas cenas por representar bem as emoções de Jenny. A pronúncia do inglês da atriz é de grande destaque e facilmente ela passa despercebida, mesmo que até a sua personagem seja brasileira.
“Besouro Azul” é um show de cultura latina e valores pessoais
A família de Jamie é o coração da história, os Reyes possuem as características específicas da família latina e isso é exposto de uma forma envolvente. Para que essa atmosfera fosse criada, muitos recursos e referências foram utilizados. Além da escalação de atores com o estereótipo desejado, os detalhes da casa, a cultura expressa nas falas e nos costumes são um verdadeiro show dessa representatividade.
Isso ajuda no contexto que o filme pretende apresentar como o central para o público. O amor pela família e a prioridade dos valores interiores são os diferenciais do Besouro Azul quando se compara aos outros heróis da DC. Essa temática é muito forte ao longo da produção e se torna um dos pontos mais positivos, uma vez que o roteiro trabalha bem com essas informações, de forma profunda e verdadeira.
Essa técnica alimenta tensões reais, que superam a superficialidade dos vilões e do arco fraco que justifica as tragédias da produção. Além disso, há muitas características e referências a títulos latinos como a novela “Maria do Bairro” e “Chapolin”. Esse contexto enche o telespectador de risadas e emoções com a força dos valores interiores de uma família conectada.
“Besouro Azul” possui um começo morno para o novo herói, mas consegue se destacar em alguns pontos do roteiro na história. Apesar da fraqueza e superficialidade de algumas temáticas como os efeitos especiais e os vilões, o longa dá um show de cultura latina e especificamente vai agradar muito o público do Brasil por ter uma co-protagonista brasileira que efetivamente tem um bom papel de destaque e o executa de forma notória.