Depois de se firmar como um dos nomes mais promissores de sua geração após o sucesso de Whiplash: Em Busca da Perfeição e o musical La La Land: Cantando Estações, Damien Chazelle teve carta branca para fazer o que quiser. Ele seguiu sua dobradinha com o divisivo O Primeiro Homem, com Ryan Gosling, mas agora volta ao terreno de “busca pelos sonhos” e “bastidores de Hollywood”com o ambicioso Babilônia. Infelizmente, não parece haver nada de novo para acrescentar ao tema.
Cobrindo um dos períodos mais dramáticos da História do Cinema, Babilônia é ambientado na Hollywood de 1920. Enquanto o Cinema Mudo prospera, a chegada do som promete sacudir as estruturas de todos os envolvidos, destacando a jornada do ambicioso sonhador Manny (o estreante Diego Calva), que cruza o caminho do imponente Jack Crawford (vivido por Brad Pitt) e se apaixona perdidamente pela estrela em ascensão do momento, Nellie LaRoy (vivida por Margot Robbie).
Desde seus primeiros filmes, é possível observar como Chazelle é fascinado por histórias de pessoas tentando superar obstáculos impossíveis; para alcançar sonhos grandiosos. Até mesmo O Primeiro Homem, o único filme que não fala sobre a Arte objetivamente, traz o grande esforço de Neil Armstrong e a NASA em chegar à Lua. Quase 10 anos desde sua estreia com Whiplash, Chazelle ainda bate nas mesmas teclas com Babilônia, e agora o efeito parece completamente esgotado: não há nada nos dramas e conflitos dos personagens de Babilônia que não tenha sido aproveitado melhor em outros projetos – alguns do próprio Chazelle.
A própria decisão de seguir mais um casal apaixonado que acaba separado pela ambição artística aparece novamente aqui, mas se La La Land contava com a carismática união de Emma Stone e Ryan Gosling, Babilônia apresenta uma dupla difícil de torcer e apoiar com Diego Calva e Margot Robbie. Ambos estão ótimos e extremamente carismáticos, mas se Manny tem dificuldades em ter um arco forte no roteiro, a Nelly de Robbie beira o insuportável, dada sua personalidade errática, barulhenta e auto-destrutiva; características que poderiam muito bem resumir a maioria dos personagens do longa.
Pior ainda é quando Chazelle aposta em uma duração arrastada de 3 horas, seguindo também outros personagens – como o trompetista de Jovan Adepo e a cantora de Lin Jun Li – mas sem o mesmo interesse ou atenção fornecido para a trinca principal de Calva, Pitt e Robbie. São elementos com potencial dramático estimulante, mas que são desperdiçados pelo próprio desinteresse de Chazelle como contador de histórias.
Porém, Babilônia é certamente impressionante do ponto de vista plástico. A direção de arte é deslumbrante na recriação de época, a fotografia de Linus Sandgren aproveita o caos das festas megalomaníacas e – especialmente – a trilha sonora de Justin Hurwitz faz uma inspirada mistura de jazz big band com elementos de música eletrônica. São elementos técnicos formidáveis, mas que infelizmente servem apenas à uma narrativa simplista que não parece ter muito o que dizer; e soa interessada mais do que deveria em jatos de vômito e fezes de elefante.
Infelizmente, tais elementos falam mais alto do que a batida e clichê mensagem de “carta de amor ao Cinema” que já vimos tantas e tantas vezes em obras superiores.