“O mínimo Para Viver” (To the Bone) é a mais nova produção de longa-metragem original da Netflix, dirigida e escrita por Marti Noxon e protagonizada por Lily Collins, de “Os Intrumentos Mortais: Cidade dos Ossos” de 2013 e “Simplesmente Acontece” de 2014. O filme aborda a vida de Ellen (Lily Collins), em sua luta e tratamento para superar a anorexia. Quando Ellen não vê mais soluções para superar suas dificuldades, aparece a figura do Dr.Beckham (Keanu Reaves), a mandando para uma casa de reabilitação para pessoas com distúrbios alimentares, e assim, criando uma esperança de que tudo realmente pode melhorar.
É o primeiro filme dirigido por Marti Noxon, que tem sua fama em Hollywood mais como roteirista, no cinema em filmes como “A Hora do Espanto” e “Eu sou o Número Quatro”, ambos de 2011, e em séries de TV como “Greys Anatomy” em 2006 e 2007, e “Mad Men” em 2008 e 2009. Mesmo sem uma real experiência em direção, Noxon faz um excelente trabalho aqui, com uma sólida direção de atores, uma excelente decupagem, com um bom uso da cinematográfia, e uma ótima orquestração de elementos narrativos, se utilizando de objetos de cena e figurino.
Quanto a seu roteiro, ele é consistente quanto as suas escolhas a maior parte do tempo. Porém, apresenta problemas. Começando pela estrutura, que é nada balanceada, com um primeiro ato curto (cerca de 20 minutos), um segundo ato longo demais (cerca de 1 hora), e um terceiro ato curto (cerca de 20 minutos). Algo que causa uma certa perda de ritmo no segundo ato obviamente, o que só é segurado em muitos momentos pelas ótimas atuações. Seguindo no roteiro, ele é expositivo demais sem necessidade em diversas cenas, e assim só agrega na perda de ritmo. Por fim, a cena que sucede o clímax, onde vemos um sonho da personagem Ellen, é totalmente desnecessária, não acrescentando nada a narrativa.
Chegando as atuações, o que pode se dizer que é um dos pontos mais fortes do filme. Lily Collins como Ellen está perfeita, passando todas as emoções necessárias, te fazendo se importar com seu personagem. Além de sua perda de peso para o papel, que tudo bem, Collins já era muito magra antes, mas ela atinge um nível absurdo para este longa. Me fazendo lembrar inclusive, de Cristian Bale em “O Operário” de 2008. Keanu Reaves, com certeza o nome de mais peso neste elenco, não é o principal coadjuvante, mas executa seu trabalho muito bem, como o médico completamente não usual de Ellen. Personagem este que foi uma grata surpresa, quebrando a imagem habitual do especialista neste tipo de filme, trazendo inclusive um alívio cômico em determinados momentos.
Destaque para Alex Sharp também em “O Mínimo Para Viver”, o qual interpreta Luke, um dos moradores da casa de reabilitação. Em um de seus primeiros papéis para o cinema, Sharp nos traz um personagem um tanto quanto excêntrico, e que pode parecer destoante em uma primeira impressão, mas que se desenvolve muito bem e traz uma energia necessária para o filme. Sua química nas cenas de proximidade com Lily Collins são excelentes, e criam uma grande empatia por Luke. O restante do elenco também é perfeito, todos funcionam absolutamente bem, tanto a família de Ellen, toda ela (quem assistir vai entender), quanto os outros moradores da casa.
Por fim, vale ressaltar individualmente a direção de fotografia e direção de arte neste filme. Na fotografia, ótima execução de todos os takes, com destaque para os usos de “zoom in” e “zoom out” bem clássicos em algumas cenas. Na parte da arte, destaque a cenográfia, com perfeitas colocações de objetos de cena e ótima ambientação, e para o figurino, já antes citado, que passa muito bem informações sobre os personagens do início ao fim.