A demissão de uma professora de língua portuguesa por ensinar linguagem neutra a alunos em Santa Catarina, reacendeu o debate em torno do ensino da linguagem nas escolas. Em um vídeo, que circula nas redes sociais, a educadora explicava o uso de termos como “todes” e argumentava sobre a importância de considerar a perspectiva de pessoas não binárias que se sentem ofendidas ao serem chamadas de “todos”.
Segundo um levantamento do site Poder360, em 4 anos, já aconteceu 58 tentativas de deputados estaduais e distritais de proibir a linguagem em escolas e documentos oficiais. Em meio a essas tentativas, 3 chegaram a ser aprovadas por assembleias legislativas. Outra proposta também chegou a passar, mas teve o teor proibitivo retirado durante a tramitação.
A 1ª, em Rondônia, virou lei, mas foi suspensa pelo ministro Edson Fachin em 2021. No Paraná, a proposta foi aprovada em dezembro de 2022, ainda aguarda sanção. Por sua vez, no Maranhão, a assembleia aprovou em dezembro de 2022, mas o governador o vetou. No Mato Grosso do Sul, a proposta foi reescrita, antes de passar. No entanto, caiu o banimento da linguagem neutra e entrou obrigatoriedade de usar “norma culta”. O PL, partido de Bolsonaro é responsável por 20 desses projetos.
Também existiram projetos nos Estados a favor de uma linguagem mais inclusiva. No entanto, apenas um deles citava linguagem neutra, que são, respectivamente, em Amazonas, onde uma lei de 2020 prega o uso de “linguagem não sexista” em documentos oficiais. Ao invés de “todos”, deve ser usado “todas e todos”; Rio de Janeiro que tem um projeto sobre “linguagem não sexista” parecido com o do Amazonas (não aprovado); e Piauí, onde o Plano Estadual de Cultura estabelece uma “opção pelo uso da linguagem de gênero neutro nos produtos culturais“.