Mesmo com tantas evoluções e vitórias das mulheres no mundo artístico, ainda existem diversas lutas pela frente. De acordo com dados da pesquisa UBC (União Brasileira de Compositores) de 2021, cerca de 80% das artistas mulheres já declararam que sofreram algum tipo de discriminação no cenário musical.
Esse levantamento mostra que, para que mais figuras carregadas de representatividade possam surgir, é necessário romper toda uma estrutura para facilitar o caminho das diversas cantoras. A cantora brasileira Sarah Maria, ativista com uma carreira na Europa, acredita que isso é um efeito catalisador do machismo que ocorre no dia a dia de toda mulher, estando dentro das atividades familiares e profissionais.
“A mulher sempre será hiper sexualizada pela sua performance, mesmo não sendo o intuito do trabalho. Então, quebrar essa imagem e ideia de que para fazer sucesso precisa expor o corpo é um dos maiores obstáculos de uma mulher dentro do meio musical”, explica.
Os desafios das mulheres no cenário pós-pandemia
O cenário pós-pandemia só deixou mais claro os desafios, com muitas tendo que ter dois ou três trabalhos, inclusive de mãe. Ainda assim, existe uma crescente em relação à participação em composições e produções. Segundo o levantamento da professora Stacy Smith, da Universidade do Sul da Califórnia, as listas do Hot 100 da Billboard dos últimos sete anos registraram 22% de canções interpretadas por mulheres.
Por outro lado, o estudo da UBC também informou que dentre os 100 maiores arrecadadores de direitos autorais, apenas 13 são mulheres que recebem apenas 9% de todo o montante dos valores. Sarah Maria revela que sente na pele essa diferença absurda de reconhecimento, e que o mercado ainda não abraça as artistas com potencial.
“Fazer música não é só gravar, masterizar e subir na plataforma. Isso exige tempo, dinheiro, dedicação e coisas que vão além da voz. A falta de dinheiro para investir é um grande obstáculo. O mercado musical precisa amadurecer e valorizar. Muitas que hoje, como a Anitta, começaram bem simples e estão construindo uma linda história”, disse Sarah.
Representativade
Ainda há problemas, sejam eles financeiros ou até de uma estrutura social que tenta desmerecer a força feminina. Porém, o fato dessas mulheres insistirem em aumentar a participação ativa no cenário musical só deixa claro que há uma bandeira de representatividade e de força sendo conquistada pouco a pouco.
Tudo isso faz parte de discussões importantes em busca de que mais mulheres possam ocupar espaços em posições importantes da nossa sociedade. Um desafio para o novo governo do Brasil, que já informou que irá trabalhar com políticas públicas neste sentido.