Adeus ao humorista, apresentador e escritor Jô Soares

O Hit preparou um pequeno resumo da carreira desse gênio!

O ator, dramaturgo, roteirista, cronista, jornalista, apresentador e humorista Jô Soares morreu na madrugada desta sexta-feira (5) aos 84 anos em São Paulo.

Ele estava internado desde o dia 28 de julho no Hospital Sírio-Libanês, onde deu entrada para tratar uma pneumonia, segundo o G1. A causa da morte, entretanto, não foi informada.

O g1 frisa que o enterro e velório serão reservados à família e aos amigos, em data e local ainda não informados. O anúncio da morte foi feito por Flávia Pedra, ex-mulher de Jô, e confirmada em nota pela assessoria de imprensa do Hospital Sírio-Libanês.

Abaixo, confira o post:

“O paciente Jô Soares faleceu na data de hoje, 05 de agosto, às 2h20, no Sírio-Libanês. em São Paulo. Ele estava internado desde o dia 28 de julho no hospital, onde era acompanhado pelas equipes do corpo clínico da instituição”, escreveu a assessoria do humorista, em conjunto com o hospital.

O Hit preparou um pequeno resumo da carreira desse gênio, confira:

Início da vida

José Eugênio Soares nasceu no dia 16 de janeiro de 1938, no Rio de Janeiro. Filho único do empresário paraibano Orlando Heitor Soares e de Mercedes Leal Soares, com apenas 12 anos ele se mudou com a família para a Europa, onde pensou em seguir a carreira diplomática.

Ao longa da juventude, estudou em colégios renomados como o Colégio de São Bento, no Rio, Colégio São José, em Petrópolis, e no Lycée Jaccard, em Lausanne, na Suíça, mas seu amor pelo teatro falou mais alto.

“Sempre quando ia ao teatro, assistir a shows, ia para a coxia ver como era. E já inventava números de sátira do cinema americano; fazia a dança com os sapatinhos que eu calçava nos dedos”, disse Jô ao Memória Globo. 

Televisão

A estreia na TV veio em 1958. Quando participou do programa “Noite de gala” e passou a roteirizar o “TV Mistério”, que tinha no elenco Tônia Carreiro e Paulo Autran. Eles eram exibidos pela TV Rio. Na emissora, Jô esteve ainda no “Noites cariocas”. Em seguida, escreveu e atuou em humorísticos da TV Continental.

Além da TV Rio e Continental, Jô também trabalhava na TV Tupi. Na emissora, fez participações em “Grande Teatro Tupi”, do qual faziam parte nomes como Fernanda Montenegro, Ítalo Rossi, Sérgio Brito e Aldo de Maia.

“Eu consegui trabalhar ao mesmo tempo nas três emissoras que existiam no Rio”, disse ao Memória Globo.

Em 1960, mudou-se para São Paulo para trabalhar na TV Record. Lá atuou e escreveu para vários programas, como “La reuve chic”, “Jô show”, “Praça da alegria”, “Quadra de azes”, “Show do dia 7” e “Você é o detetive”. Mas, o sucesso veio com o programa “A Família Trapo”, exibido entre 1967 e 1971 todos os domingos.

Inicialmente, ele era apenas o roteirista da atração – junto com Carlos Alberto de Nóbrega. Logo depois, conseguiu um pequeno papel.

Humorísticos da Globo

Em 1970, Jô foi contratado pela gigante TV Globo. Na emissora dos Marinhos, o gênio estreou no programa “Faça humor, não faça a guerra”, ao lado de Renato Corte Real (ambos eram roteiristas e protagonistas).

Os roteiros eram também assinados pelos aclamados Max Nunes, Geraldo Alves, Hugo Bidet e Haroldo Barbosa.

“Criávamos uma média de 20 e tantos personagens por ano. Quando terminou o último programa, havia mais de 260 personagens criados”, enumerou Jô ao Memória Globo.

Em 1973, lançou “Satiricom”, programa no estilo do extinto “Casseta & Planeta”, de sátira à comunicação. O humorístico brincava com as novelas e com o noticiário.

Em 1997, veio um de seus grandes trunfos: “O planeta dos homens”, em que novamente se dividiu entre as funções de ator e redator. O programa seguiu até 1982, um ano antes, Jô saiu para se dedicar ao seu próximo projeto: o “Viva o gordo”. “Viva o gordo” foi um marco no humor televisivo brasileiro.

Teatro

No teatro, tornou-se famoso por seus monólogos, todos marcados pelo tom satírico, cômico e crítico. Jô encontrou na sátira o instrumento mais adequado para expressar sarcasmo, justiça e exortação moral. Seu trabalho ficou marcado pela necessidade ética e pela possibilidade de combater e denunciar a corrupção.

Os mais conhecidos foram “Ame um gordo antes que acabe” (1976), “Viva o gordo e abaixo o regime!” (1978), “Um gordoidão no país da inflação” (1983), “O gordo ao vivo” (1988), “Um gordo em concerto” (1994) – que ficou em cartaz por dois anos – e “Na mira do gordo” (2007).

Dentre as montagens e adaptações em que trabalhou como ator, estão uma montagem de “Auto da compadecida” (1959) e “Oscar” (1961), com a dama máxima do teatro brasileiro Cacilda Becker e Walmor Chagas.

Como diretor, realizou “Soraia, Posto 2” (1960), de Nelson Rodrigues; “Os sete gatinhos” (1961), de Nelson Rodrigues; “O Estranho Casal” (1967), de Neil Simon – estrelada por Lima Duarte e Francisco Milani – “Romeu e Julieta” (1969), de William Shakespeare; “Frankenstein” (2002), de Eduardo Manet; “Ricardo III” (2006), de William Shakespeare – montagem ganhadora do Prêmio Qualidade Brasil e “Às Favas com os Escrúpulos” (2007), de Juca de Oliveira.

Literatura e jornalismo

Nos anos 80, o gordo mais amado do Brasil foi colaborador de publicações como: “O Globo” e “Folha de S.Paulo” e para a revista “Manchete”. Entre 1989 e 1996, assinou uma coluna na “Veja”.

O gênio escreveu cinco livros, sendo quatro romances. O debute literário veio em “O astronauta sem regime” (1983), coletânea de crônicas publicadas originalmente em “O Globo”.

Logo depois, o romance “O Xangô de Baker Street” (1995) liderou as listas dos mais vendidos e foi adaptado para o cinema em 2001. As obras seguintes foram: “O homem que matou Getúlio Vargas” (1998), “Assassinatos na Academia Brasileira de Letras” (2005) e “As esganadas” (2011). Em 2017, lançou sua autobiografia “O Livro de Jô – Uma autobiografia desautorizada”.

Cinema

Sua filmografia é marcada por mais de 20 trabalhos, Jô participou de clássicos do cinema nacional, como “Hitler III Mundo” (1968), de José Agripino de Paula, e “A mulher de todos” (1969), de Rogério Sganzerla.

Também esteve nos longas: “O Rei do Movimento” (1954); “De Pernas pro Ar” (1958); “Pé na Tábua” (1958); “Aí Vêm os Cadetes” (1959); “O Homem do Sputnik” (1959); “Vida que é Mole” (1960); “Tudo Legal” (1960); “Pluft, o Fantasminha” (1965); “Papai Trapalhão” (1968); “Agnaldo, Perigo à Vista” (1969), “Giovanni Improtta” (2013), entre outros.

Além disso, dirigiu um filme, “O Pai do Povo” (1976).

Jô Soares Onze e Meia e Programa do Jô

Em 1987, quando seu contrato com a Globo venceu, Jô Soares foi para o SBT. A mudança veio da possiblidade de tentar um novo formato de programa. O programa Jô Soares Onze e Meia permaneceu no ar entre 1988 e 1999, com mais de seis mil entrevistas com grandes personalidades brasileiras e internacionais.

“E durante o processo do impeachment do presidente Fernando Collor, o ‘Jô Soares Onze e Meia’ funcionou como uma espécie de tribuna popular, com o apresentador entrevistando alguns dos principais implicados e testemunhas do caso”, declarou Jô ao Memória Globo.

Ele retornou à Globo em 2000, especialmente para apresentar o revolucionário Programa do Jô.

O Programa do Jô foi exibido durante 16 anos na madrugada da Globo. De segunda a sexta, Jô recebia convidados no estúdio e conversava com eles sobre vida pessoal e profissional. O talk-show era gravado nos estúdios de São Paulo, contava com plateia e um sexteto musical. 

Em 2016, o apresentador se despediu do público mandando seu último “beijo do gordo”. A faixa de horário acabou sendo herdada por Pedro Bial.

Fundador, formado em Publicidade e Propaganda, paulista e, enquanto não consegue ir para Marte, acredita que um dia teremos respostas sobre as origens dos Aliens. E-mail: [email protected]