Review | Horizon Forbidden West: Burning Shores traz uma ótima (e necessária) evolução para Aloy

Expansão traz mais desenvolvimento para Aloy que começa a se tornar, enfim, carismática. Expansão já está disponível.

Review | Horizon Forbidden West: Burning Shores traz uma ótima (e necessária) evolução para Aloy

A Guerrilla Games começou uma tradição com a boa expansão de Horizon Zero Dawn chamada de Frozen Wilds. Como muita gente suspeitava, não demorou muito para a desenvolvedora confirmar que seguiria o mesmo caminho com a elogiada sequência Forbidden West que foi lançada tanto para PlayStation 4 como para PlayStation 5. 

A DLC Burning Shores foi oficialmente lançada, mas com um detalhe particularmente interessante: a desenvolvedora optou por concentrar totalmente seus esforços no PlayStation 5, deixando a expansão como exclusiva desta versão. A decisão é mesmo acertada permitindo experimentar mais dos recursos da tecnologia de nova geração. 

Review | Horizon Forbidden West: Burning Shores traz uma ótima (e necessária) evolução para Aloy

Novos Horizontes

A narrativa de Burning Shores é sequência direta dos eventos finais de Forbidden West. Muito embora sua história não traga uma aventura realmente obrigatória para os fãs retomarem a narrativa no vindouro terceiro jogo, é importante ter noção do que acontece na história que é sim bastante importante para o desenvolvimento de Aloy e também pela introdução de Seyka, uma personagem até então inédita. 

Assim que o jogador encerrar a missão Singularidade e já contar com a expansã, Aloy recebe uma ligação de Sylens que traz novidades perturbadoras. Ele rastreou o Zenith que estava desaparecido no sul da costa oeste, em um lugar que era conhecido como Los Angeles. A heroína então decide viajar até essa parte inexplorada do mundo para encontrar o megalomaníaco Londra, mas logo é abatida por uma torre misteriosa. 

Caindo em uma praia, logo conhece Seyka que explica que parte da sua tribo Quen acabou se perdendo durante uma expedição e acabou instalando um assentamento para reorganizar a viagem de volta para o continente. Com a tribo, Aloy descobre que diversas pessoas sumiram, incluindo a irmã de Seyka. Então as duas recebem permissão para investigar os rastros que levam a um encontro iminente com Londra e seus planos malignos. 

A narrativa da expansão é realmente bem feita. Me arrisco a dizer que finalmente uma história situada neste universo conseguiu despertar meu interesse – ainda que o arco inteiro em Las Vegas do jogo principal seja também muito caprichado. Os roteiristas capricharam bastante na relação de Aloy com Seyka que é bastante divertida e leve. A nova personagem ganha importância e virará peça decisiva no próximo jogo.

Finalmente o jogador verá Aloy se comportando de modo menos robótico e estoico, conseguindo fazer algumas piadas e revelando que ainda existem traumas relacionados à convivência com sua tribo no começo de sua vida. O ponto é que ambas são ovelhas negras perante a ordem comum das tribos e acabam se ancorando nessa característica das duas. 

A relação entre elas também evolui bastante a ponto de trazer características inéditas sobre Aloy até agora, somente sugeridas até então. O trabalho com o vilão da vez, o Zenith Londra, não é tão caprichado quanto, apostando no clichê de um bilionário megalomaníaco que fará de tudo para sobreviver, não importando as consequências. Infelizmente, o melhor ponto em relação ao personagem, sua inteligência artificial chamada Nova, acaba desperdiçada justamente em uma reviravolta na melhor missão do jogo – a 4ª das 5 que configuram a narrativa principal.

Aliás é justamente nela que os roteiristas enfim podem explorar toda a excentricidade de Los Angeles e o mundo do entretenimento com a temática que inspira boa parte dos designs das criaturas mecânicas que Aloy enfrenta desde o primeiro jogo. As narrativas secundárias também são caprichadas e possuem arcos próprios, sendo que algumas envolvem coadjuvantes vistos na campanha principal.

O time de desenvolvimento da Guerrilla também adiciona certa dose experimental inspirada por, acredite, Elden Ring. Existem missões somente descobertas em certas regiões do mapa que chamam a atenção por si só despertando a curiosidade do jogador – como a que envolve uma região repleta de nuvens de tempestade. 

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Novidades bem-vindas

A Guerrilla, desde Zero Dawn, não precisa se preocupar demais com o gameplay de Horizon. Os poucos ajustes feitos na sequência são mais que suficientes em aprimorar o que já era praticamente perfeito – sendo o único deslize na falta de liberdade para Aloy escalar qualquer parte do cenário. 

Burning Shores já conta com a ideia de que o jogador relembre alguns detalhes de jogabilidade que precisam ser lembrados. Por exemplo, o uso do bendito gancho que Aloy possui para abrir algumas portas ou passagens. Infelizmente, o jogo cita brevemente esse detalhe que eu acabei esquecendo em uma missão e empaquei até lembrar que o recurso existia – eu estava sem jogar Horizon há mais de um ano, desde o lançamento da sequência. 

Tirando esses pequenos entraves, a expansão traz uma boa dose de elementos novos como armas e armaduras lendárias que só podem ser adquiridas através de um recurso totalmente exclusivo espalhado pelo mapa novo. Uma das armas, inclusive, finalmente faz um uso mais interessante dos recursos que Aloy encontra pelo caminho e ajuda a tornar o arsenal da personagem mais moderno.

No rol de criaturas, apenas três são inéditas sendo que somente uma é realmente agressiva. Trata-se dos Biliáticos, um robô-sapo gigantesco que é, com facilidade, um dos oponentes mais difíceis de derrotar. Se o elefante e a cobra já davam trabalho, o biliático é bem mais complicado. Isso ocorre por conta dos inúmeros golpes elementais tóxicos que ele dispões, além de ser extremamente rápido. 

Logo, com o sapo pulando para todo lado, despejando veneno sem parar, é bem complicado conseguir acertar os pontos vulneráveis para conseguir derrotá-lo mais rapidamente. Nessas passagens, o melhor é ter paciência e aceitar o fato que a luta vai durar mais que bons cinco minutos. Tudo fica ainda mais complicado quando os designers decidem colocar dois biliáticos no mesmo espaço. 

Uma mecânica bastante divertida e que certamente justifica o motivo da expansão ser exclusiva do PS5 é a inserção dos Asas-Marinhas, a nova montaria voadora do jogo que pode mergulhar nos mares californianos. Trazendo inovação e consertando uma falha de design do jogo principal, o novo mapa encoraja que Aloy tome os céus com heliodos ou asas-marinhas, podendo dar mergulhos fantásticos no oceano que possui detalhes caprichados – assim como acontecia nas fases submarinas de Forbidden West. 

O jogo também oferece outra solução de mobilidade com esquife de Seyka, um barco motorizado que o jogador pode usar para explorar o arquipélago que se tornou Los Angeles. Entretanto, pela facilidade e velocidade, imagino que muitos jogadores vão optar em voar nos céus do mapa com suas criaturas aéreas. 

Aliás, o mapa possui um tamanho bastante generoso, compreendendo praticamente ⅓ do mapa original do jogo com a região totalmente inédita. Existem coletáveis, ruínas e recursos para serem explorados – mas infelizmente não um novo caldeirão para o jogador se aventurar. 

Isso é compensado pelo capricho no design da fase final da narrativa principal da expansão que finalmente traz um embate extremamente aguardado pelos fãs de Horizon desde o primeiro jogo. É algo que beberica inspiração em Shadow of the Colossus, mas que pode ser sim mais caprichado no próximo jogo.

Por sinal, não existe nenhum aprimoramento visual em relação ao jogo original que em sua versão de PS5 já é extremamente belo. A maioria dos bugs visuais foi corrigido, mas alguns ainda persistem na jogatina – ainda assim nada que seja realmente grave. O jogo permanece belíssimo e, na minha opinião, segue graficamente o mais impressionante da geração até agora. Para os apreciadores do HDR, é uma boa ideia utilizar o modo equilibrado nas opções visuais, já que as sombras são brutalmente afetadas no modo performance que segue entregando uma experiência excelente a 60 FPS. 

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Uma excelente expansão

No fim, Burning Shores é facilmente uma das melhores expansões/DLCs já oferecidas pela PlayStation Studios. Está ao lado da expansão de Marvel’s Spider-Man e da Ilha Iki de Ghost of Tsushima. Vindo com um preço justo de pouco mais de cem reais e rendendo por volta de oito a dez horas de entretenimento para aqueles que desejam fazer os 100%, é praticamente impossível não recomendar a compra. 

Temos uma boa história que finalmente consegue trazer Aloy em sua melhor e mais interessante versão, além de Seyka realmente ser uma personagem capaz de despertar maior curiosidade do jogador – não sei vocês, mas sempre tive uma tremenda dificuldade em relembrar quais são os amigos de Aloy nas aventuras originais, além de Sylens que é marcante pela performance do saudoso Lance Reddick. 

Admito que até mesmo meu ânimo melhorou para a conclusão da trilogia após Burning Shores. Agora aguardo ansiosamente por ver mais de Aloy e Seyka enfrentando a maior ameaça possível no próximo jogo.

Agradecemos a Sony pela cópia gentilmente cedida para a análise. 

Redator, jornalista e fotógrafo formado em Cinema que até hoje gosta de espalhar ao mundo as últimas novidades sobre o audiovisual. E-mail: [email protected]