Oscar 2024: Entre o óbvio e o inovador, a premiação gera debate

A 96ª edição do Oscar foi apenas um capítulo na história da premiação e reaabre o debate sobre os critérios de escolha, a representatividade

Barbie e Oppenheimer
Reprodução/Internet

A 96ª edição do Oscar, realizada no domingo (10), foi marcada por uma mistura de previsibilidade e surpresas. De um lado, a consagração de “Oppenheimer”, de Christopher Nolan, com sete prêmios, incluindo Melhor Filme, Diretor e Ator para Cillian Murphy, consolidou a força do diretor e a preferência da Academia por grandes produções e temas históricos.

Do outro lado, a ascensão de “Pobres Criaturas”, de Yorgos Lanthimos, com quatro estatuetas, incluindo Melhor Atriz para Emma Stone, e o reconhecimento de “Zona de Interesse” com duas premiações, demonstraram que a busca por inovação e experimentação ainda encontra espaço na premiação.

O caminho seguro: a hegemonia de “Oppenheimer”

A vitória de “Oppenheimer” não surpreendeu muitos. O filme de Nolan, com seu orçamento milionário, efeitos visuais impressionantes e narrativa épica sobre a criação da bomba atômica, era considerado o favorito desde o início. A Academia, mais uma vez, se rendeu ao poder de uma história grandiosa e bem contada, mesmo que, para alguns, falte originalidade e profundidade.

A busca por inovação: o brilho de “Pobres Criaturas” e “Zona de Interesse”

“Pobres Criaturas”, com sua crítica ácida ao machismo e estética singular, e “Zona de Interesse”, com sua abordagem inovadora sobre o Holocausto, representaram a esperança de um Oscar mais diverso e interessante. As premiações em categorias importantes, como Melhor Atriz e Melhor Filme Internacional, respectivamente, demonstram que a Academia está atenta a novas vozes e estilos no cinema.

Injustiças e esquecimentos: a ausência de “Vidas Passadas” e “Assassinos da Lua das Flores”

A premiação também foi marcada por algumas injustiças. Filmes como “Vidas Passadas”, com sua narrativa complexa sobre o passado e o presente, e “Assassinos da Lua das Flores”, com seu retrato brutal da ganância e do racismo nos Estados Unidos, ficaram de mãos vazias, apesar de serem considerados superiores a “Oppenheimer” por muitos críticos e especialistas.

Um déjà vu? A lembrança de “Green Book”

A escolha de “Oppenheimer” como Melhor Filme, mesmo com a presença de filmes mais inovadores e relevantes na disputa, remete à premiação de “Green Book – O Guia” em 2019. Naquela ocasião, o filme, que também era considerado superestimado por muitos, venceu o prêmio principal, gerando grande debate e críticas.

Reflexões sobre o futuro do Oscar

O Oscar 2024 nos deixa com algumas reflexões. A Academia ainda precisa encontrar um equilíbrio entre premiar grandes produções e reconhecer filmes inovadores e independentes. A busca por representatividade e diversidade precisa ser constante. E, acima de tudo, a premiação deve ser um reflexo da qualidade e da variedade do cinema contemporâneo, reconhecendo diferentes estilos e vozes que contribuem para a arte cinematográfica.

O que esperar dos próximos anos?

O futuro do Oscar dependerá da capacidade da Academia de se adaptar às mudanças no cinema e na sociedade. A busca por um público mais jovem e diverso, a valorização de diferentes culturas e histórias, e a abertura para novas formas de narrar são elementos essenciais para que a premiação continue relevante e significativa.

O debate está apenas começando.

A 96ª edição do Oscar foi apenas um capítulo na história da premiação. O debate sobre os critérios de escolha, a representatividade e o futuro do Oscar está apenas começando. As próximas edições serão decisivas para determinar se a Academia conseguirá se reinventar e se manter como a principal referência do cinema mundial.