Cineasta histórico, Jean-Luc Godard, morre aos 91 anos

Até mesmo nessa fase tardia da carreira, o artista brincava com "novos" recursos como o 3D e obras silenciosas, inéditas em sua carreira.

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Um dos cineastas precursores do importante movimento artístico da Nouvelle Vague francesa, Jean- Luc Godard, morreu hoje, 13, aos 91 anos, de causas ainda não reveladas, segundo a agência de notícias francesas AFP.

Ele teria morrido em casa, cercado de seus familiares e amigos mais próximos. O cineasta começou sua carreira como crítico de cinema nos anos 1960, sendo um dos colaboradores para o desenvolvimento da chamada Teoria do Autor que teria ajudado a consolidar a assinatura cinematográfica de diversos artistas ao redor do mundo, incluindo importantes diretores hollywoodianos como Steven Spielberg, George Lucas, Martin Scorsese e Francis Ford Coppola.

Inventor de Linguagem

Dentre os muitos cineastas da escola da Nouvelle Vague, Jean-Luc Gordard certamente foi o mais inventivo deles. Ainda que apaixonado por narrativas repletas de mensagens políticas progressistas, o artista também se revelou um inventor de linguagem cinematográfica, quebrando paradigmas até então estabelecidos.

Em seu filme debutante e um dos mais importantes da sua carreira, Acossado (1960), Godard revolucinou a montagem ao introduzir o conceito do jump cut, um corte seco que introduzia uma elipse de segundos, “teletransportando” os personagens em meio ao cenário.

O experimentalismo também envolvia muita câmera na mão, baixo valor de produção, nudez e discurso irreverente contra a calcificada indústria cinematográfica de Hollywood da Era de Ouro.

Entre suas obras mais importantes estão Alphaville (1965), Viver a Vida (1962) e O Demônio das Onze Horas (1965), entre outros. Godard e sua Nouvelle Vague também ajudou a fundamentar as raízes criativas do movimento do Cinema Novo brasileiro durante o final dos anos 1960, exercendo profunda influência nos cineastas Glauber Rocha e Nelson Pereira dos Santos.

Mesmo bastante idoso, Godard não parava de trabalhar. Sua última obra  foi o documentário Imagem e Palavra, lançado em 2018.  Até mesmo nessa fase tardia da carreira, o artista brincava com “novos” recursos como o 3D e obras silenciosas, inéditas em sua carreira.