Crítica – “Uma Família Extraordinária” é uma história necessária sobre neurodivergência

O longa é baseado em fatos da história do diretor Matt Smukler.

Uma Família Extraordinária via Diamond Films
Uma Família Extraordinária via Diamond Films

Matt Smukler faz algo inacreditável em “Uma Família Extraordinária”. Ao colocar em cena uma história verdadeira de sua própria família, o diretor consegue fazer uma produção necessária sobre família, drama e neurodivergência. Ele mostra o poder da realidade dentro da construção de um enredo e ainda leva de maneira divertida e dinâmica.

Bea Johnson (Kiernan Shipka) é o centro da trama, mesmo começando a produção em coma. Ela sofre um acidente e relembra de como chegou até ali, para isso ela descreve o início de sua família. A jovem lida com uma família cheia de questões particulares e especificamente, pais neurodivergentes que a criam dentro de suas condições.

A princípio, o formato da narradora principal de contar sua história desde o principio em coma e ainda ter momentos da realidade de elementos do presente a visitando, parece uma tragédia. Mas funciona perfeitamente, pois o roteiro consegue conectar cada um dos detalhes e afirmar novos paradigmas diante de um tema já conhecido.

O ponto forte da trama é a potencialidade das dores de Bea, que apresenta uma infância nada convencional. A garota toma a posição de adulto responsável em casa, diante das dificuldades que seus pais apresentam ao lidar com responsabilidades mais sérias e que demandam seriedade e pulso firme. A maturidade e grande cobrança que ela desenvolve ao longo dos anos, torna a sua adolescência um ponto de extremo interesse para os telespectadores.

Os momentos mais engraçados da produção são alternados diante de um drama familiar com muitas tensões. A construção da família é realmente extraordinária, a ponto de exemplificar pelas simples aparições de cada membro. Essa construção torna o enredo divertido e completamente comovente.

Para contribuir com essa estética, a trilha sonora e fotografia casam bem a ponto do telespectador se sentir dentro daquela realidade. Por se tratar de um fato, as verossimilhanças são o ponto alto da produção que entrega com maestria a proposta sugerida: um drama familiar único, intenso e cheio de significados por trás de cada atitude.

“Uma Família Extraordinária” fala sobre pessoas com deficiência mental de forma ordenada

Pessoas com deficiências são tratadas de diversas formas na indústria cinematográfica. Na obra “Uma Família Extraordinária” há um cuidado natural que consegue ordenar os afetos da temática. Isso é explícito pelos pais de Bea, que sofrem o preconceito pelos amigos dela de serem chamados de “retardados”, mas antes disso, a própria família precisa lidar com algumas diferenças.

A maneira que essa temática é desenvolvida, representa algum dos problemas que Bea enfrenta na tomada de decisões próprias. Mas o que o longa enfatiza, é uma das abordagens mais bonitas e concretas dessa didática: a família é feliz ao seu jeito, eles não vivem refém do mundo que os diminui e sim constroem uma potência de alegria e força, mesmo com as negligências pessoais e com a administração da família.

A garota se mostra madura, mas também cheia de feridas que são curadas assim como a vida real: com o tempo, quebrando a cara, levantando e buscando melhores condições de vida. Você se conecta perfeitamente com a história, mesmo que essa não seja a sua vivência. Isso porque o enredo entrega de maneira.

“Uma Família Extraordinária” é um filme necessário e espetacular. As ressalvas ficam de lado com a potencialidade da história que entrega um olhar cuidadoso, ordenado e único sobre família, diferenças, dramas, pessoas com deficiência mental e a vida real de jovens independentes. A produção consegue entregar uma boa estética e se adequa bem a proposta.

Estagiária, produtora de conteúdo, uma garota que ama séries, filmes, livros e música e fala muito sobre histórias. A minha história está lá no Instagram! E-mail: [email protected]