Crítica – “A Pequena Sereia” é fiel a forma e surpreende em seu estilo

O clássico desenho é completamente homenageado no live-action.

A Pequena Sereia
Divulgação/Disney

“A Pequena Sereia” é de longe, uma das melhores live-actions feitas pela Disney. Isso não a isola de faltas pontuais em sua construção, mas acalenta os fãs de Ariel que aguardavam uma adaptação fiel ao clássico desenho da sereia e princesa dos mares. Além de ter concretizado tal ação, o filme tem pequenos passos para uma grande revolução no cinema.

A história permanece contando sobre o reinado de Rei Tritão (Javier Bardem), que tenta proteger sua filha Ariel (Halle Bailey) de todo perigo e da sua grande curiosidade e paixão pelos humanos. Seus esforços não dão certo e a garota acaba se apaixonando por Eric (Jonah Hauer-King) e para ter o que quer, ela acaba se envolvendo com os poderes do mal de sua tia Úrsula (Melissa McCarthy).

A história se desenvolve da mesma forma que o desenho animado, é possível encontrar poucas diferenças no roteiro e isso gera um grande conforto nos fãs do longa. No entanto, pela extensão e apresentação dos detalhes, o filme nitidamente não foi feito para prender a atenção das crianças na tela dos cinemas. Apesar dos recursos visuais e sonoros se esforçarem ao máxima e terem um resultado encantador.

A Disney nunca tinha acertado tão bem na escalação dos atores de uma live-action como nessa produção. Com destaque para a própria protagonista, que representou bem a Ariel, em sua docilidade, inocência, ousadia e principalmente no talento vocal. As músicas são emocionantes, principalmente as que contam com o protagonismo da voz de Halle Bailey, o verdadeiro destaque da trama inteira.

Há três performances completamente notórias e se sobressaem a muitos personagens secundários do filme. Jacob Tremblay como Linguado, Daveed Diggs como Sebastião e Awkwafina como Sabidão. O trio de criaturas consegue se destacar como em muitas adaptações da Disney e dessa vez, eles são mais divertidos, curiosos e engraçados. Exercem papel de grande relevância na história e são os que mais arrancam boas risadas dos telespectadores.

Melissa McCarthy também entrega uma Úrsula de grande destaque, a personagem possui uma construção visual e dinâmica de atuação impecáveis. O único defeito que chama atenção, é a própria cena final em que ela aumenta de tamanho exponencialmente e assim perde a qualidade visual e de desenvolvimento também, com uma “batalha final” nitidamente fraca para a proposta de uma live-action.

A trilha sonora de “A Pequena Sereia” acerta o tom ao colocar momentos musicais moderados. A construção das cenas com as músicas, não gera um desconforto de exagero e sim uma entonação encantadora da história. As adaptações musicais se perdem levemente da essência do filme original, mas isso não interfere no contexto ou na qualidade da produção, é uma maneira diferente de enxergar a Ariel.

“A Pequena Sereia” é um espetáculo visual nos cinemas

Se “Avatar: O Caminho da Água” chamou atenção dos telespectadores, a nova live-action vai impressionar ainda mais. É claro que pela extensão das duas produções não se pode comparar os recursos, mas a tonalidade e luminosidade de “A Pequena Sereia” a tornam única. Existe um grande desafio ao se tratar do oceano, que é a construção de uma produção escura e esse não foi o caso.

Além dos jogos de luz azuis refletirem bem no colorido dos animais e elementos do mar, os detalhes gráficos estão tecnicamente estáveis e sem apresentar a superficialidade de uma ficção. Os detalhes de cada ser do mar, as caudas e os próprios cabelos das sereias, são explorados de forma encantadora e impecável. Esse é um dos estilos mais bonitos que a Disney já fez.

A transição para o mundo real não acompanha a beleza e os detalhes, o castelo do Príncipe Eric tais como os figurinos e ambientes são simples e não apresentam nenhum destaque que pode levar uma sereia a gostar desse ambiente, além da curiosidade. Nitidamente, o a produção focou no oceano e conseguiu aderir perfeitamente a essa proposta.

Os recursos visuais contribuem para uma experiência e o filme passa de uma simples história e prende atenção do telespectador com um envolvimento emocional, cômico e aventureiro. Esse é um dos principais pontos altos da direção de Rob Marshall, que é conhecida por produções mais estáticas e menos dinâmicas como essa. Junto do roteiro fiel de David Magee, a produção é uma grande surpresa.

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“A Pequena Sereia” é uma experiência cinematográfica linda, divertida e emocionante. As músicas e os recursos visuais impecáveis mostram uma forma estética surpreendente. O roteiro e a boa adaptação dos personagens revelam uma boa fidelidade a obra original. Com tamanha qualidade e poucos pontos baixos, espera-se mais produções do universo, apesar de não haver algum indício explícito.

Avaliação: 4.5 de 5.

Estagiária, produtora de conteúdo, uma garota que ama séries, filmes, livros e música e fala muito sobre histórias. A minha história está lá no Instagram! E-mail: [email protected]